Pelo menos 18 siderúrgicas de Sete Lagoas, que incluem Matozinhos, Pedro Leopoldo, Curvelo e Maravilhas, irão paralisar as atividades por 12 horas nesta terça-feira (3 de junho de 2025). O protesto tem como objetivo chamar atenção para a crise enfrentada pelo setor, pressionado por aço importado, falta de incentivos fiscais e dificuldades de financiamento.
A mobilização ocorrerá das 6h às 18h e deverá interromper a produção de aproximadamente 2.500 toneladas de ferro gusa, o equivalente a R$ 5 milhões em valor de mercado, segundo o empresário Willian Reis, um dos líderes do movimento. “A paralisação demonstra que o setor está se unindo. Os preços estão abaixo do custo e há pouca ajuda pública”, afirmou.
Risco de demissões
Segundo Reis, se o cenário não mudar nas próximas semanas, o setor pode enfrentar demissões em massa já a partir de julho. Só em Sete Lagoas, cerca de 5.000 trabalhadores estão empregados diretamente na siderurgia. O movimento pode evoluir para redução de dias úteis de produção caso não haja reação do governo.
Causas da crise
- Alta nas importações de aço, principalmente da China, que subsidia o setor;
- De acordo com o Instituto Aço Brasil, as importações cresceram 27,5% nos quatro primeiros meses de 2025 em comparação com 2024;
- Medidas de proteção adotadas pelo governo federal são consideradas “fracas” pelos empresários do setor;
- O excesso de oferta no mercado nacional pressiona os preços para baixo.
Efeito Trump
O setor também acompanha os desdobramentos do anúncio feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que pretende dobrar a tarifa de importação do aço para até 50% ainda em junho. Para Reis, isso pode:
- Favorecer a exportação de ferro gusa brasileiro;
- Mas também inundar o Brasil com aço importado, afetando ainda mais as aciarias nacionais.
“Se essas tarifas se mantiverem, o gusa pode valorizar, pois a indústria americana será fortalecida. Mas isso pode piorar a concorrência no Brasil”, avaliou o empresário.
Foto: Multifer/Divulgação
Fonte: O TEMPO | Gabriel Rodrigues
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