Representantes de sindicatos e movimentos sociais se reuniram, nesta quarta-feira (12), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para debater os impactos do pedágio previsto nas rodovias que conectam os municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), como parte do processo de concessão do Governo do Estado.
O evento foi promovido pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social, com foco nos prejuízos que a cobrança de pedágio pode acarretar para a população dos 13 municípios envolvidos: Belo Horizonte, Lagoa Santa, Prudente de Morais, Capim Branco, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Confins, São José da Lapa, Santana do Riacho, Jaboticatubas, Vespasiano, Santa Luzia e Sete Lagoas.
O projeto de concessão de 123 quilômetros de rodovias, no valor de R$ 5 bilhões, visa a implantação de pedágios ao longo de um contrato de 30 anos. Para sindicatos e movimentos sociais, o plano, além de onerar os trabalhadores, trará benefícios incertos para a população, enquanto seus custos serão transferidos para as camadas mais pobres da sociedade.
André Veloso, do Movimento Tarifa Zero de Belo Horizonte, destacou que a cobrança de pedágio nas rodovias estaduais MG-010, MG-424 e LMG-800 vai resultar em uma maior segregação urbana e concentração de renda. “A maioria dos deslocamentos diários, realizados por pessoas com renda de até três salários mínimos, será diretamente impactada por essa medida”, afirmou.
Além disso, o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), Jairo Nogueira, apontou que a instalação de pedágios pode aumentar o desemprego, com muitas pessoas não conseguindo arcar com os custos dos trajetos diários.
Simone de Almeida, presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos de Minas Gerais (Sicovapp/MG), também alertou para os efeitos sobre os motoristas de aplicativos, destacando que muitos não aceitarão realizar viagens para áreas com pedágios devido à redução de seus ganhos.
Em contrapartida, o Governo do Estado defendeu a concessão como uma solução para a melhoria das rodovias e para a integração da região. A diretora da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), Fernanda Alen, afirmou que a privatização trará benefícios como a redução do tempo de deslocamento e a priorização do transporte coletivo, além de um impacto positivo no turismo e no desenvolvimento econômico da região.
Porém, a proposta gerou resistência entre os deputados estaduais, que argumentaram que a implementação de pedágios vai contra os princípios de integração das regiões metropolitanas e prejudicará os trabalhadores da RMBH. Para a deputada Beatriz Cerqueira (PT), por exemplo, a medida aumenta o custo de vida e dificulta a mobilidade da população.
A audiência pública foi marcada por discursos enfáticos contra a proposta e convocação para mais mobilizações da população, que será diretamente afetada pela implementação dos pedágios, como alertaram os vereadores de diversos municípios.