Suicídio entre estudantes preocupa em Minas e acende alerta sobre bullying e saúde mental

Por Dentro De Tudo:

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De 2020 até setembro de 2025, Minas Gerais registrou 560 suicídios entre estudantes do ensino fundamental ao superior, segundo dados do Painel Epidemiológico da Violência. Do total, 266 vítimas tinham entre 15 e 19 anos, e outras 66 tinham entre 10 e 14 anos, revelando que 60% dos casos envolveram adolescentes entre 10 e 19 anos.

Um dos casos mais recentes ocorreu em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde Yasmim, de 18 anos, após enfrentar abuso sexual, sequelas de acidente e episódios de depressão e ansiedade, acabou tirando a própria vida. A mãe, Eliane Brandão, relatou que a filha sofreu bullying, afastou-se da escola e chegou a dizer que não queria mais viver.

Especialistas alertam que o suicídio é multifatorial e não pode ser atribuído a uma única causa. Porém, situações de violência em sala de aula, como bullying e cyberbullying, podem agravar quadros já existentes de sofrimento psíquico. Sabrina Magalhães, coordenadora de Psicologia da Afya Sete Lagoas, explica que vítimas e agressores têm índices duas vezes maiores de tentativas de suicídio.

Pesquisas nacionais reforçam a preocupação: seis em cada dez adolescentes entre 13 e 17 anos que recorreram a autolesões afirmaram ser vítimas de bullying. Além disso, 29,6% das meninas dessa faixa etária declararam sentir que a vida não vale a pena ser vivida, enquanto entre os meninos o índice foi de 13%. Questões como machismo, racismo e homofobia intensificam o sofrimento, especialmente entre meninas e jovens negros, segundo a professora da UFMG, Deborah Carvalho Malta.

A ingestão precoce de álcool, consumido por mais de 60% dos adolescentes de 13 a 17 anos, também agrava o risco, já que a substância deprime o sistema nervoso central e amplia o sentimento de desesperança.

Diante do cenário, a Secretaria de Estado da Educação (SEE-MG) informou que mantém protocolos de intervenção contra violações de direitos e campanhas de conscientização. Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Educação adota planos de convivência escolar e ações para promoção da paz nas escolas.

Foto: Fred Magno/O Tempo — Fonte: O Tempo

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