TDAH: diagnóstico, mitos e tratamentos eficazes em todas as fases da vida

Por Dentro De Tudo:

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Apesar de frequente, o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ainda é mal compreendido por grande parte da sociedade e exige atenção integral desde a infância até a vida adulta.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos no mundo convivem com a condição. No Brasil, apenas 20% dos casos recebem diagnóstico e tratamento adequados, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). A falta de informação, aliada ao estigma, ainda é uma barreira para o cuidado precoce.

“O TDAH não é uma invenção moderna nem sinônimo de má criação. Trata-se de uma condição neurobiológica real, que afeta diretamente a forma como o indivíduo se organiza, se concentra e se relaciona com o mundo”, explica o psicólogo Luti Christóforo.

Impacto e diagnóstico: da infância à vida adulta

O diagnóstico é clínico e segue os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Para confirmação, os sintomas devem surgir antes dos 12 anos, persistirem por pelo menos seis meses e causar prejuízos em diferentes contextos da vida, como escola, trabalho ou casa.

“Em crianças, os sinais são mais evidentes, como a dificuldade de prestar atenção e esperar a vez. Já em adultos, o TDAH pode se manifestar por meio de ansiedade, desorganização e baixa produtividade”, detalha o psicólogo.

Um dos mitos mais comuns é acreditar que o transtorno desaparece com o tempo. No entanto, pesquisas mostram que entre 60% e 80% dos casos persistem na vida adulta. “Muitos adultos vivem anos com TDAH sem saber, enfrentando desafios que poderiam ser minimizados com tratamento adequado”, acrescenta Christóforo.

Outro ponto importante é a associação frequente com outras condições, como depressão, ansiedade, dislexia e transtorno opositor desafiador. Por isso, o acompanhamento precisa ser integral e personalizado.

Tratamento e suporte conjunto

O tratamento mais eficaz é multimodal, combinando psicoterapia, psicoeducação, estratégias de autorregulação emocional e, quando necessário, uso de medicação. “Mais importante do que a abordagem teórica é o vínculo estabelecido entre terapeuta e paciente. A Psicologia Analítica, que utilizo em consultório, é uma das ferramentas que contribuem para o fortalecimento da identidade e do autoconhecimento”, afirma Christóforo.

O apoio da família e da escola é determinante para o sucesso do tratamento. “Quando pais, professores e profissionais de saúde atuam juntos, os resultados são muito mais consistentes. O ambiente precisa ser acolhedor, estruturado e ajustado às necessidades da pessoa com TDAH”, reforça o psicólogo.

Conscientização é fundamental

A desinformação ainda é um dos maiores obstáculos enfrentados pelas pessoas com TDAH. Campanhas educativas, diagnósticos precoces e acesso a cuidados de saúde mental de qualidade são apontados como caminhos essenciais para transformar essa realidade.

“A informação salva vidas, promove inclusão e transforma histórias. É hora de entender o TDAH para além do rótulo e acolher quem vive com ele”, conclui Luti Christóforo.

📍 Conteúdo para o podcast Edinhotaon / Edno Mariano

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