Terminais de Zema: baldeações obrigatórias e aumento de custo geram críticas em Minas Gerais

Por Dentro De Tudo:

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O projeto do governo de Minas Gerais para a construção e requalificação de 11 terminais metropolitanos tem enfrentado forte resistência de especialistas, autoridades locais e usuários do transporte público. Anunciado em 2023 pela gestão do governador Romeu Zema (Novo), o plano, baseado em Parceria Público-Privada (PPP), prevê um investimento superior a R$ 1,5 bilhão ao longo de 30 anos, entre obras e manutenção. Porém, o modelo adotado tem sido amplamente criticado por priorizar interesses do setor privado e impor baldeações que impactam negativamente a rotina de milhares de passageiros.

O principal foco das críticas recai sobre a obrigatoriedade das baldeações e o possível aumento indireto no custo das viagens. Em cidades como Nova Lima, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Contagem e São José da Lapa, moradores relataram a falta de transparência nas audiências públicas, baixa participação popular e ausência de garantias sobre integração tarifária.

A usuária Bruna Carolina Pinto, de Nova Lima, alertou para a redução das linhas em horários de pico e destacou que passageiros de municípios vizinhos, como Raposos e Rio Acima, terão que usar mais de um ônibus para chegar a seus destinos. Em Ribeirão das Neves, moradores protestaram nas audiências pedindo metrô em vez de mais terminais. Em Santa Luzia, questionamentos sobre a localização do terminal, a falta de consulta prévia à população e divergências no projeto provocaram reações negativas.

Para o economista André Veloso, coordenador do movimento Tarifa Zero, o modelo beneficia os empresários do setor de transporte e ignora as reais necessidades da população. Ele critica a ausência de um sistema eficaz de governança e aponta a precariedade da fiscalização do transporte metropolitano, hoje a cargo de apenas oito fiscais do DER-MG para toda a região.

Casos como o do Terminal Morro Alto, em Vespasiano, implantado em 2014, servem de alerta. Promessas de melhorias nunca se concretizaram, e os usuários continuam enfrentando superlotação e poucos horários disponíveis. Em audiência pública, representantes do governo chegaram a sugerir que os passageiros “aguardem tomando um cafezinho”, minimizando os impactos da baldeação.

Em Contagem, o alto custo das passagens — que pode ultrapassar os R$ 10 — e a ausência de integração com o sistema municipal também geram preocupação. Já em Pedro Leopoldo, a falta de audiências públicas anteriores levou o prefeito a pedir a realização de uma escuta oficial, prevista para 28 de julho.

Mesmo diante das críticas, o governo estadual pretende seguir com o processo licitatório e a concessão da administração dos terminais à iniciativa privada. A previsão é de que o contrato com a empresa vencedora seja assinado nos próximos meses, consolidando um modelo que, segundo os críticos, pode agravar ainda mais os problemas da mobilidade urbana na Grande BH.

Foto: Reprodução

Fonte: Brasil de Fato MG

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