Com o avanço das contaminações pela variante Ômicron do coronavírus, mais laboratórios de Belo Horizonte esbarram em restrições para atender à demanda da população por testes. Outro fator de pressão é exercido pelo surto gripal. Como mostrou a reportagem do Estado de Minas, no domingo o estoque de um dos maiores laboratórios do estado, o Hermes Pardini, chegou ao fim na central da empresa. Ontem, ao menos mais duas redes, Lustosa e São Marcos, informaram estar lidando com escassez de insumos para o exame ou dificuldade de suprir a demanda pelo serviço.
No Laboratório Lustosa, com 20 unidades instaladas na capital mineira, a pesquisa de antígenos para o Sars-Cov-2, o chamado teste rápido, está suspensa por falta de insumos. Segundo a empresa, há previsão de chegada de novos lotes entre os dias 24 e 28.
A situação é semelhante no Laboratório São Marcos, com 57 lojas em BH. A empresa informou que a agenda está apertada, embora não tenha deixado de realizar nenhum tipo de diagnóstico. A realização do RT-PCR passou a exigir marcação prévia.
No Grupo Pardini, a boa notícia é que o serviço foi normalizado, com reposição de estoques.
Contudo, os prazos de entrega de resultados estão mais longos nos laboratórios. A entrega do RT-PCR COVID-19 teve o período estendido de dois para três dias úteis no Lustosa. Na modalidade express, o limite foi mantido em um dia útil. O Hermes Pardini informa estar se esforçando nos atendimentos. “Pedimos compreensão aos clientes neste momento crítico da pandemia, mas reforçamos que permanecemos fazendo o possível”, disse a empresa em nota. O São Marcos não comentou eventuais mudança em prazos de entrega de resultados.
A manhã de ontem transcorreu com fila para a realização de testes de COVID-19 na unidade da Drogaria Araujo instalada no Bairro Cidade Nova. Os preços cobrados variavam de R$ 120 a R$ 270. O bancário Eduardo Fontoura, de 58 anos, aguardava ao menos uma dezena de pessoas a sua frente.
“Não tem para onde correr. Em todo lugar está assim. Já tentei em outras farmácias e até em laboratórios. Aqui, ao menos espero ao ar livre e me protejo da contaminação”, comentou Fontoura. A contadora Danielle Felipe e o advogado Leonardo Ferreira também buscaram ontem fazer diagnóstico na loja. “Parece que estamos de volta a 2020. Que filme de terrror. Mas, fazer o quê?”, disse Danielle, conformada.
Acelerado
O Grupo Hermes Pardini informou à reportagem que processa cerca de 20 mil testes RT-PCR por dia, dos quais 5 mil somente em BH. Há 45 dias, eram feitos por volta de 700 a 750 testes diários na capital mineira. “Pedimos a compreensão dos clientes”, ponderou o vice-presidente da companhia, Alessandro Vieira. Em Minas Gerais, o laboratório registrou crescimento de 9% no volume de testes de COVID RT-PCR em relação à média móvel dos últimos 14 dias. A empresa registra parcela positiva de 43,2% do total de resultados.
A Secretaria de Saúde de BH informou que está abastecida com kits de testes para COVID-19. “Todos os pacientes que procuram as UPAs (unidades de pronto-atendimento) e centros de saúde, com sintomas respiratórios, são testados por meio de teste antígeno (teste rápido) para COVID-19, para diagnóstico diferenciado”, informou, por meio de nota.
Grávidas, puérperas ou pessoas com comorbidade que tiverem sintomas respiratórios, com teste rápido negativo, são submetidas também ao PCR para diagnóstico definitivo.