Trabalhadores da saúde lideram afastamentos por problemas de saúde mental em Minas

Por Dentro De Tudo:

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Em Minas Gerais, profissionais da saúde estão no topo do ranking de afastamentos relacionados a problemas de saúde mental. Agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem e enfermeiros representam 37% de todos os afastamentos no serviço público desde 2022, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

A alta carga horária, a pressão diária, a precarização e a baixa remuneração são apontadas como fatores que contribuem para o adoecimento mental da categoria. O caso da psiquiatra Ludmila*, que se suicidou após distribuir pertences entre colegas e pacientes como uma despedida silenciosa, ilustra o drama enfrentado por muitos trabalhadores da área. “Até hoje não me perdoo por não ter percebido que aquilo era uma despedida”, lembra a profissional Lionete dos Santos Pires, diretora executiva do SindSaúde.

Nos últimos quatro anos, das 2.804 notificações registradas entre os setores público e privado, cerca de 13,5% eram de técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde ou enfermeiros, ocupando respectivamente o 1º, 2º e 6º lugares entre as profissões mais afetadas. O ano de 2024 teve o maior número de registros, com 972 casos, um aumento de 29,6% em relação a 2023.

Especialistas destacam que a tensão constante entre a vida e a morte, especialmente em setores de emergência, gera alto índice de estresse e burnout. “A luta para salvar pacientes o tempo inteiro causa angústia e estresse, até um ponto em que a resiliência não consegue mais barrar isso e a pessoa adoece”, explica o professor de psicologia Thales Coutinho.

Além do desgaste emocional, a precarização e o assédio moral são fatores recorrentes. Técnicas de enfermagem relatam jornadas duplas, baixo salário e dificuldades de atendimento psicológico dentro das instituições de saúde. O atendimento, quando oferecido, muitas vezes ocorre de forma improvisada, conhecido como “atendimento no corredor”, sem acompanhamento contínuo.

A SES-MG informa que conta com o programa “Acompanhar”, voltado ao acolhimento e acompanhamento psicológico dos trabalhadores, com encaminhamentos para acompanhamento psiquiátrico e suporte medicamentoso, incluindo unidades como o Instituto Raul Soares e o Hospital Governador Israel Pinheiro, ambos em Belo Horizonte, além da Rede Credenciada no interior do estado.

*Nomes fictícios

Foto: Fred Magno/O TEMPO

Fonte: O TEMPO

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