Na semana em que o STF garantiu o atendimento médico para transexuais conforme seu sexo de origem, muitos ainda enfrentam dificuldades e preconceito no SUS. O influenciador Bruno Almeida, de Poços de Caldas, precisou pagar por exames médicos após diversas recusas no atendimento público devido à sua transexualidade.
Desde 2017, Bruno, homem trans, não conseguia marcar consultas com um ginecologista pelo SUS. Após conseguir fazer um exame papanicolau, ele recebeu guias para outros exames relacionados ao seu sexo de origem, enfrentando ainda muitos obstáculos.
Transexuais no Brasil enfrentam problemas semelhantes, como a dificuldade de homens trans para marcar consultas em especialidades femininas e mulheres trans para acessar ramos médicos como urologia e proctologia. O SUS frequentemente não reconhece pessoas trans como elegíveis para especialidades médicas relacionadas ao seu sexo biológico.
Nesta sexta-feira (28), Dia do Orgulho LGBTQIAP+, o STF concluiu o julgamento de uma ação que exige que o SUS realize consultas e exames de acordo com a necessidade da pessoa atendida, levando em consideração o sexo biológico. A decisão é vista como um passo importante para garantir os direitos à saúde e à dignidade da comunidade trans.
Advogado da ação, Paulo Iotti, destaca a necessidade de atenção dos poderes políticos e do Judiciário para combater a transfobia estrutural no SUS. No caso de Bruno Almeida, o medo e a vergonha resultantes do constrangimento e preconceito o levaram a optar por clínicas particulares para evitar mais dificuldades.
“Esse sentimento de medo e vergonha vem do constrangimento que cada pessoa trans passa, da dificuldade de acessar um serviço e cuidar da saúde, como foi o meu caso de não conseguir ser completamente examinado”, relata Bruno.
Fonte: O Tempo.