Troca de telefones entre Lula e Trump: entenda como funcionam as ligações entre presidentes

Por Dentro De Tudo:

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Na manhã da última segunda-feira, 6 de outubro, o governo brasileiro divulgou uma nota oficial sobre a troca de telefonemas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O comunicado afirmou que os dois líderes estabeleceram uma via direta de comunicação. Essa iniciativa partiu de Lula, que em uma entrevista exclusiva à TV Mirante, mencionou que ambos trocaram “telefones pessoais”, permitindo que realizem diálogos sem intermediários, visando ações benéficas para o Brasil e os Estados Unidos. A diplomacia segue um protocolo específico para que uma ligação oficial entre chefes de Estado ocorra. A proposta de Lula de manter um contato mais direto, com menos formalidade, busca melhorar a relação entre os dois líderes, que enfrentaram uma crise nos últimos meses, intensificada após o aumento de tarifas em julho.

Apesar do desejo de se comunicar de forma mais informal, é comum que até mesmo um contato entre presidentes seja mediado por assessores próximos. É importante notar que Lula não possui um celular particular e, portanto, o número fornecido a Trump foi na verdade do embaixador Fernando Igreja, chefe do cerimonial do Palácio do Planalto. Paralelamente, assim como o contato de Lula, o número repassado por Trump também pertenceu a um assessor muito próximo ao presidente norte-americano. Um auxiliar de Lula ressaltou que, por razões de segurança, chefes de Estado geralmente não têm celulares pessoais à disposição. No Brasil, contatos dessa natureza normalmente ocorrem por meio de ligações feitas a partir de telefones de assessores que acompanham a rotina do presidente e que, em muitas ocasiões, atendem ou efetuam ligações passando o aparelho para o líder. Além disso, um intérprete é essencial para a comunicação, dado que nem Lula fala inglês, nem Trump português.

Nos bastidores, diplomatas brasileiros consideram que a disposição de Trump em compartilhar seu número de telefone para que Lula se comunique com ele representa um avanço significativo nas relações bilaterais. Para a realização de um telefonema formal entre presidentes, existe um protocolo que deve ser seguido. Inicialmente, um dos lados manifesta o desejo de conversar, e se houver interesse da outra parte, as assessorias presidenciais iniciam as tratativas. A pauta das conversas é analisada e ajustada conforme necessário, resultando na definição de uma data que leve em conta a agenda dos presidentes. O telefonema oficial pode ocorrer dias, semanas ou até meses após o início das negociações, embora esse tempo possa ser reduzido em caso de proximidade e urgência do assunto em pauta.

No dia agendado para a conversa, um novo roteiro deve ser seguido: normalmente, quem solicita a ligação inicia a fala, seguido do outro lado, sempre com a presença de um intérprete. As chamadas podem ser realizadas no Palácio do Planalto ou no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente brasileiro, em um espaço denominado “sala de situação”. Essas salas são estruturadas para atender as necessidades das reuniões, e participam das conversas, além dos presidentes, tradutores, chanceleres e, eventualmente, ministros que estejam envolvidos nas discussões.

A ligação de segunda-feira marcou a primeira conversa telefônica entre Lula e Trump desde a eleição do presidente americano no final de 2024. A busca por uma aproximação entre os dois líderes tem sido trabalhada há vários meses, com o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto atuando nos bastidores junto à Casa Branca e ao Departamento de Estado para facilitar o contato entre eles.

Créditos da foto: Adriano Machado/Reuters; Evelyn Hockstein/Reuters. Fonte: g1.

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