Primeiro deixaram a terra natal, familiares e pessoas queridas devido à guerra; depois ficaram num país vizinho ao seu, a Polônia, em compasso de espera, até, finalmente, viajarem dois dias, nas asas da esperança, rumo à nova vida. Foi uma chegada tão emocionante, que quase todos os presentes na recepção ao ucranianos choravam. “Meu povo adora flores. Eles vão gostar de Minas” disse o engenheiro de telecomunicações Vitalii Afanasiev, residente há 14 anos em Belo Horizonte e casado com a belo-horizontina Rafaela e pai das meninas Mila e Lia. Todos ofereceram aos recém-chegados buquês com flores azuis e amarelas, as cores nacionais do país europeu invadido pela Rússia.
Na manhã deste sábado, 30, exatamente às 12h30 horas, quatro famílias ucranianas chegaram ao Aeroporto Internacional de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na sofrida e delicada situação de “refugiadas”, as 13 pessoas, das quais cinco crianças, estão sendo acolhidas pela Igreja Batista Central, localizada na Região Centro-Sul de BH. Diante dos estrangeiros, cerca de 50 pessoas na área de desembarque do aeroporto, com bandeiras e flores, aplaudiram e desejaram em voz alta “laskavo próximo”, som em português para “bem-vindos” na língua ucraniana.
Composto na maioria por mulheres, o grupo inclui uma idosa de 66 anos, quatro adultos, três jovens e as crianças com idade entre 2 e 12 anos. Com o semblante naturalmente fatigado de quem viaja várias horas de avião, acentuado pelo estresse extremo do conflito no país invadida pela Rússia, eles são os primeiros ucranianos que chegam a Minas após o conflito iniciado em 24 de fevereiro. Segundo os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a guerra na Europa já motivou a emigração cerca de 6 milhões de ucranianos.
De acordo com o pastor Paulo Mazoni, da Igreja Batista Central, que recepcionou o grupo e fez uma oração, as famílias seguem para um hotel e depois para casas. Todas mobiliadas e com as despesas por conta da igreja, inicialmente por um período de 12 meses.
Para garantir a nova vida aos ucranianos, as famílias receberão suporte médico, e as crianças serão encaminhadas para a escola. Os adultos terão, ainda, aulas de português ministradas por voluntários. “Em alguns casos, os adultos terão a colocação no mercado de trabalho”, completa a Igreja Batista. Neste caso, para uma complementação da renda.
Os adultos terão, ainda, aulas de português ministradas por voluntários.
PARCERIA O GKPN (Global Kingdom PartnerShip Network), sob a liderança do pastor brasileiro Elias Dantas e ao qual está vinculada a Igreja Batista Central, é um movimento presente em 108 países e agregando pastores e empresários cristãos que se reúnem periodicamente em reuniões globais e regionais. No mundo, acolhem atualmente 2,5 m il famílias de refugiados ucranianos.
As famílias que decidiram vir para o Brasil têm as despesas aéreas custeadas por meio de ofertas de igrejas e empresários do movimento. No Brasil, o primeiro grupo foi acolhido em Curitiba (PR), pela Primeira Igreja Batista; o segundo, pela Igreja da Cidade em São José dos Campos (SP); e terceiro pela Igreja Batista Central, em Belo Horizonte (MG).
O projeto de acolhimento no mundo envolve inicialmente o período de 12 meses. Entre a metas, estão manter as famílias em unidades habitacionais, oferecer alimentação, encaminhar as crianças à escola e os adultos para aulas de idioma, e, em alguns casos, emprego para os refugiados.