A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiu anular a prova do concurso do Departamento de Fisiologia e Biofísica, destinada a professores negros, após a aprovação de apenas candidatos brancos. A etapa de apresentação de seminários será realizada novamente.
Em comunicado aos candidatos, o diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, professor Ricardo Gonçalves, explicou que a Câmara do Departamento de Fisiologia e Biofísica anulou a prova devido ao não cumprimento conjunto de itens do edital relacionados à realização da etapa por videoconferência.
“Com o compromisso de que o processo seja conduzido dentro das normas estabelecidas pelo edital, vamos realizar a prova de seminários em uma nova data. Os candidatos serão convocados com até 30 dias de antecedência para comparecer ao local estabelecido para a realização da prova”, afirmou Gonçalves.
Processo Seletivo
O concurso tem como objetivo preencher uma vaga de professor adjunto no Departamento de Fisiologia e Biofísica. O edital, publicado em 20 de setembro de 2023, indicava que a vaga seria preferencialmente preenchida por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros. No entanto, nenhum dos candidatos negros foi aprovado.
De acordo com a UFMG, 22 pessoas tiveram as inscrições deferidas, sendo sete autodeclaradas pretas ou pardas. Onze candidatos compareceram à primeira etapa, de prova escrita, e sete foram classificados para a fase seguinte, de provas de seminário e de títulos. Cinco foram aprovados, nenhum negro.
“Com a desclassificação dos inscritos por reserva de vaga nas etapas de prova, seguindo estritamente os parâmetros do edital, a vaga remanescente foi revertida para a ampla concorrência”, disse a universidade.
‘Vitória’
A denúncia sobre o resultado do processo seletivo foi feita pela doutora Giselle Santos Magalhães, de 37 anos, que obteve a melhor nota na prova de títulos – 95 em 100. Segundo ela, na avaliação da apresentação de seminário, a banca deu notas baixas para as candidatas negras e pontuações maiores para as pessoas brancas. Para Giselle, a decisão da UFMG de anular e remarcar a prova é uma vitória.
“A etapa foi conduzida com erros técnicos como explica a nota da UFMG. Mas ainda é necessário que a UFMG avalie com cautela a manutenção da mesma banca avaliadora. Espero que seja modificada”, afirmou.