Uma pesquisa recente, divulgada neste domingo (30/3) durante o Congresso Anual Europeu de Cardiologia, trouxe à tona preocupantes resultados sobre o uso prolongado de antidepressivos. O estudo, conduzido por cientistas do Hospital do Coração de Copenhagen, na Dinamarca, revelou que o tratamento contínuo com esses medicamentos pode elevar consideravelmente o risco de morte súbita cardíaca, especialmente entre adultos jovens.
O estudo analisou dados de saúde de 4,3 milhões de dinamarqueses e concluiu que o uso de antidepressivos por mais de seis anos mais do que dobra o risco de morte súbita cardíaca em comparação com indivíduos que nunca usaram os medicamentos. Para aqueles que estavam expostos ao medicamento por um período de um a cinco anos, o risco também era significativamente maior do que para aqueles que nunca fizeram uso da medicação.
A morte súbita cardíaca, uma condição rara, ocorre quando o coração para de bater inesperadamente, geralmente dentro de 24 horas após o início dos sintomas. De acordo com a cardiologista Jasmin Mujkanovic, autora principal do estudo, “aqueles expostos aos antidepressivos por seis anos ou mais estavam em risco ainda maior do que aqueles expostos por um a cinco anos”. Ela destaca que o uso prolongado de antidepressivos pode alterar os ritmos cardíacos ou até mascarar sintomas de problemas cardiovasculares.
Além disso, a pesquisa sugere que os pacientes que fazem uso crônico dos medicamentos podem ter menos acesso a cuidados preventivos, o que poderia aumentar ainda mais o risco. A cardiologista também aponta que o tempo prolongado de exposição aos antidepressivos pode servir como um indicador de doenças subjacentes mais graves e crônicas, como o tabagismo, e que fatores comportamentais, como a busca tardia por assistência médica e hábitos de saúde prejudiciais, também podem contribuir para o aumento do risco.
Embora os resultados mostrem uma correlação entre o uso prolongado de antidepressivos e a morte súbita cardíaca, a pesquisa não implica uma causalidade direta. Para a comunidade médica, os achados abrem portas para futuras investigações sobre o impacto dos antidepressivos na saúde cardiovascular, além de reforçar a importância de monitoramento constante de pacientes em uso prolongado desses medicamentos.
Especialistas recomendam que indivíduos que fazem uso de antidepressivos por longos períodos mantenham acompanhamento médico regular, com atenção especial à saúde cardíaca. Mais estudos são necessários para determinar com precisão os mecanismos subjacentes a esses riscos e como mitigá-los de forma eficaz.
