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Vacina da gripe disponível nos postos não protege da nova H3N2, mas pode gerar imunidade cruzada

Por Dentro De Tudo:

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Os casos da variante H3N2 Darwin do vírus Influenza aumentaram 54% em Minas entre o fim de dezembro e o dia 3 de janeiro. A vacina contra a gripe disponível nos postos de saúde não protege contra a nova cepa, mas pode ajudar no combate à doença com a imunidade cruzada, afirmam especialistas. O imunizante que vem sendo aplicado na rede pública de saúde é do tipo trivalente e protege contra duas variantes do Influenza A (H1N1 e H3N2) e uma do Influenza B.

Mas vale ir ao posto e tomar a vacina assim mesmo? O infectologista Estêvão Urbano, que é um dos quatro integrantes do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 em BH, explica que “quem tomar o imunizante pode ser que apresente quadro mais leve da doença”.

A variante H3N2 Darwin foi detectada no fim do ano passado na Austrália. E o especialista afirma que ainda não é possível entender o efeito sobre a nova cepa do imunizante que está sendo aplicado desde 2021 nos postos de saúde. “Possivelmente, a próxima versão da vacina da gripe terá cobertura contra a variante atual”, afirma Urbano.

Imunidade cruzada
O pesquisador Alexandre Vieira Machado, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas, concorda com o infectologista Estêvão Urbano em relação à importância da vacinação contra a gripe mesmo que ela não tenha cobertura específica contra o vírus H3N2 Darwin.

“Você pode ter a chamada imunidade cruzada. Anticorpos contra o Influenza podem se direcionar à nova cepa”, diz Machado. O pesquisador explica que isso pode ocorrer porque o alvo da vacina da gripe não é o vírus, e sim, duas proteínas que ele usa para infectar os humanos, a hemaglutinina e a neuraminidase.

Para ele, apesar de os números de casos da gripe causada pelo novo H3N2 serem reduzidos, é estranho que a doença esteja em circulação no país nesta época do ano. “Pode ser devido ao relaxamento das medidas de segurança da Covid-19 e à menor procura pelo imunizante da gripe durante a pandemia”, explica o pesquisador da Fiocruz Minas. 

Importância do imunizante
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de BH, até o momento, a cobertura vacinal contra a gripe está em cerca de 75% na capital. Quem já recebeu a vacina da gripe adquiriu proteção por 12 meses contra três cepas do Influenza, de acordo com o infectologista Estêvão Urbano.

Para quem apresenta sintomas de gripe ou resfriado, a recomendação do infectologista é que espere melhorar para receber o imunizante contra o Influenza. “A vacina não tem ação quando a doença já está instalada”, completa.

O médico especializado em Medicina Tropical, Dirceu Grego, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, lembra que é preciso manter todos os cuidados já adotados contra o coronavírus também para impedir o avanço do novo Influenza, como o uso de máscaras. 

O especialista recomenda ainda que as pessoas se vacinem contra pneumonia. “É importante que os usuários peçam nos postos (de saúde) a vacina contra a pneumococus (bactéria), já que a infecção pelo H3N2 Darwin pode ‘facilitar’ a contaminação pela bactéria oportunista que provoca pneumonia”. 

Disponibilidade nos postos
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde de BH, a vacina da gripe está sendo aplicada para a população em geral e que todas as doses do município já foram distribuídas e estão disponíveis nos Centros de Saúde (veja os endereços no site da PBH).

A reportagem do Hoje em Dia ligou para alguns postos de saúde da capital mineira e todos confirmaram a disponibilidade do imunizante. Apenas no Centro de Saúde Jardim dos Comerciários, na região de Venda Nova, a atendente informou que as doses estavam acabando.

Consultada sobre essa possível falta da vacina da gripe, a Secretaria informa que “não há previsão de recebimento de nova remessa”.

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