A proliferação da variante Delta no território mineiro acendeu alerta com relação à segurança das crianças, que ainda não são contempladas com a vacinação contra a Covid-19. Especialistas de todo o mundo já constataram que a cepa originária da Índia é mais contagiosa e, conforme o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás, ela é tão transmissível quanto a catapora.
No entanto, as implicações da variante nos menores ainda é incerta, sendo que as demais mutações do novo coronavírus têm poucos efeitos nas crianças. “A gente ainda não sabe qual o impacto desta infecção dessa faixa etária. Não tem dados suficientes para dizer se vai ser pior ou a mesma evolução da variante Alfa”, explicou Unaí, que compõe o Comitê de Combate à Covid em BH.
O médico disse que, no Reino Unido, onde a Delta está mais presente, 50% dos novos casos de Covid ocorrem na faixa etária dos mais jovens, entre 25 e 10 anos. E, lá, essa população representa 25% dos moradores. “Parece que não há um aumento da mortalidade nesta faixa etária. Mas temos que aguardar os dados para ver se há um quadro mais grave”, analisou.
Em Minas, até o momento, 11 casos de variante Delta do coronavírus foram confirmados. E, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), desde o início da pandemia, 71 crianças, entre 0 e 9 anos, morreram em decorrência da Covid. Outros 55 adolescentes, entre 10 e 19 anos, também não resistiram à enfermidade.
Contaminação em adultos
Nos adultos, a expectativa é de aumento de casos da Covid por causa da variante Delta. Mas isso não significa que haverá alta no número de mortes. Novamente citando a situação do Reino Unido, Unaí Tupinambás pontuou que, por lá, onde a vacinação está mais adiantada do que no Brasil, a letalidade da doença não subiu, apesar dos registros de casos terem crescido.
“O que nós sabemos da variante Delta é que ela é muito mais transmissível do que as outras variantes, tão transmissível como a catapora, por exemplo. Mas não se sabe qual vai ser o impacto da variante do Brasil”, declarou o médico. “As expectativas são de que vão aumentar os casos de Covid nas próximas semanas. No entanto, não sabemos qual será o impacto desse aumento de casos na assistência hospitalar, nem na letalidade por aqui”, prosseguiu o infectologista.
Confira abaixo informações sobre cada tipo de variante que circula no Brasil:
Variante Delta
Presente em mais de 100 países, identificada na Índia
Pode ser de 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas
Risco alto de internação
A Pfizer afirmou que o imunizante possui eficácia reduzida contra variante. Já a AstraZeneca se mostrou 92% eficaz contra hospitalização pela cepa. O Butantan iniciou recentemente um estudo para medir a eficácia da CoronaVac, mas dados iniciais do fabricante indicam que a vacina consegue atuar contra a mutação. A Janssen anunciou que a vacina Janssen protege contra a variante por até oito meses
Variante Alfa
Presente em quase todos os países do mundo, originária do Reino Unido;
Primeira a ser detectada no mundo
Responsável pela segunda onda do coronavírus no mundo
Maior risco de hospitalização e mortalidade
Todas as vacinas são eficazes
Variante Beta
Presente em mais de 58 países, identificada na África do Sul
Menos transmissível que a Alfa
Pode ser mais letal
Janssen e Pfizer são mais eficazes, mas há indícios que a Astrazeneca perde eficácia
Variante Gama
Presente em mais de 48 países, foi identificada em Manaus
É uma das mais transmissível
Cerca de 98% dos novos casos de covid-19 no Brasil são ocasionados pela variante
Gravidade ainda é estudada
Há provas de eficácia da Coronavac e Astrazeneca
Variante Zeta
Presente em mais de 48 países, descoberta no Rio de Janeiro
É a mutação da P1. (de Manaus)
Ainda não se sabe se ela pode ser mais transmissível ou mais letal
A vacina da Janssen já se mostrou eficaz
Variante P.4
Ainda não há informações sobre abrangência mundial, identificada em Itirapina, São Paulo
Ainda não há estudos sobre transmissibilidade, letalidade ou eficácia maior ou menor de vacinas contra esta variante
