As chuvas registradas no início de 2022 impactaram nas vendas de materiais de construção em Minas Gerais. A estimativa é que somente em janeiro a redução da demanda tenha chegado a 15% frente a igual mês do ano passado.
Após fechar 2021 acompanhando o desempenho do Brasil, onde o setor cresceu 4,4%, Minas Gerais deve encerrar o exercício atual repetindo 2021. Questões como a retomada de outras atividades, inflação e juros elevados vão impactar na demanda do setor.
“Tivemos um grande impacto na primeira quinzena de janeiro na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e em várias outras do Estado devido às chuvas. Houve, realmente, uma queda muito grande. Começamos o primeiro semestre com queda de mais de 20% nas vendas. Somente em janeiro a redução foi de 15%”, explicou o presidente da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac – MG), Flávio Alves Gomes.
A tendência é que a demanda volte a crescer com o encerramento do período chuvoso. Além do clima mais favorável para a construção, os danos provocados pelos efeitos climáticos devem movimentar o setor.
“Estamos contando com este incremento porque houve muito estrago em Minas Gerais como um todo. Foi uma tragédia o que aconteceu no Estado, com chuvas muito acima dos números normais. Com isso, muitas casas foram destruídas e haverá maior busca de material de construção para reparar. Essa corrida para fazer a reforma ou recuperar as casas atingidas, é que vai dar o equilíbrio aos resultados do setor, evitando uma provável queda que teríamos no ano e recuperando as perdas do início de 2022”.
Gomes ressaltou que, normalmente, as vendas do setor ao longo do primeiro semestre são mais fracas e as perspectivas para o ano atual são um pouco mais preocupantes. Desde o início da pandemia, o setor tem sido favorecido pelo trabalho remoto. Ao passar mais tempo em casa, as pessoas investem mais no conforto do lar.
O isolamento e o fechamento de outras atividades também fez com que uma maior parcela orçamento das famílias fosse destinado à construção, reformas e melhorias. Já este ano, com a maior estabilidade da pandemia e retomada dos demais setores, a tendência é que os gastos com construção fiquem menores, o que aliado aos juros mais altos e inflação, vão segurar o crescimento do setor.
“Nós tivemos crescimento nos últimos dois anos e essa alta será impactada porque o outros setores da economia voltaram, como os bares, restaurantes, setor de moda, o que vai dividir o faturamento. Por isso, nossa expectativa, de início, é que não vamos ter crescimento em 2022, teremos, no máximo, a manutenção dos resultados”.
Ainda segundo Gomes, o setor está trabalhando com prudência. Isso porque não se sabe como será o comportamento da economia em 2022, pós-pandemia. A alta dos juros, da inflação e o desemprego ainda elevado também interferem de forma negativa.
“As pessoas estão sendo mais conservadoras em relação aos investimentos para este ano”.
Preços estáveis
Em relação aos preços dos materiais de construção, que valorizaram significativamente nos últimos anos, a tendência é de uma oferta mais regular e preços mais estáveis.
“O equilíbrio do mercado está na oferta e na procura. Uma vez que já estamos praticamente com a oferta regular, não acreditamos que haverá aumentos tão expressivos. Talvez, de algumas acomodações, devido à produtos que dependem do mercado internacional. A tendência é que os preços se acomodem”, explicou Gomes.