O número de mortes maternas por Covid mais que triplicou em 2021. Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), mantido pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mostram que pelo menos 1.455 gestantes e puérperas tiveram óbitos por coronavírus registrados de 1º de janeiro a 20 de outubro deste ano. No ano passado, foram 460. Nessa esteira, a taxa de mortalidade materna disparou de 6,7% em 2020 para 12,6% neste ano.
Esse salto expõe os maiores perigos pelos quais essas mulheres passam na gestação ou após o parto, tanto que o Ministério da Saúde as incluiu como grupo de risco para o coronavírus no ano passado. A falta de acesso à saúde, a superlotação dos hospitais, a disseminação da variante Delta e a escassez de testes podem ter agravado o cenário.
— Quando a gente compara os dados com a população geral, o aumento foi muito maior. Em 2021, a gente tem predominantemente a Delta, então pode, realmente, haver uma situação em que as gestantes possam ter sido mais propensas a ter complicações do que a população geral — explica a professora de Medicina da USP e uma das criadoras do OOBr, Rossana Pulcineli Vieira Francisco.
Os números também mostram que uma em cada cinco gestantes e puérperas não foi internada em UTIs. Além disso, uma em cada três não teve intubação orotraqueal. A médica pondera, contudo, que não é possível saber se havia leitos disponíveis ou se faltou acesso a esses serviços.