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Correios: governo descarta privatizar estatal em 2022

Por Dentro De Tudo:

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O jornal O Globo publicou, no dia 14/12, a matéria “Correios: Governo já descarta privatizar estatal em 2022 por falta de apoio no Congresso”, com argumentos do governo federal para justificar a venda da estatal. A seguir apresentamos quais são esses argumentos e os nossos contrapontos.

“Para o governo, há uma incerteza quanto à autossuficiência e capacidade de investimentos futuros por parte da estatal, o que reforça a necessidade da privatização. Ela precisaria investir R$ 2 bilhões por ano para se colocar no mesmo nível de seus pares. Hoje, ela aplica cerca de R$ 300 milhões por ano.”

Os Correios tiveram um lucro de mais de R$ 1,5 bilhão de reais em 2021. Para 2020, as projeções apontam para algo na ordem de R$ 3 bilhões, conforme declarações do próprio presidente da república. Assim, mesmo que se admita a necessidade de um investimento da magnitude que o governo aponta, os Correios teriam como fazer esse investimento sem sequer necessitar de financiamento.

Quanto à autossuficiência dos Correios, estudo técnico feito pela Diretoria de Finanças dos Correios neste ano apontou que não há risco de continuidade operacional para os Correios no período de 2021 a 2030, prevendo-se lucros bilionários para a organização nesse período. Os Ministérios das Comunicações e da Economia possuem assentos nos colegiados superiores dos Correios e sabem muito bem desse quadro positivo.

“Um estudo do BNDES concluiu que a empresa não tem tecnologia, tem baixa produtividade e pouca competitividade.”

Embora sempre haja muito a ser feito em termos de atualização tecnológica, não só nos Correios como na imensa maioria das empresas brasileiras, temos no Brasil uma empresa postal com frota renovada – muito mais nova que as frotas de toda a concorrência – com diversos centros de tratamento de carga automatizados em funcionamento e com experiências em curso envolvendo novas tecnologias, como a de identificação de containers e encomendas por etiquetas de radiofrequência.

Quanto à competitividade e produtividade, os próprios números recordes de postagens, os resultados econômicos da organização e as diversas premiações recebidas falam por si. Além disso, tais estudos do BNDES deveriam ser amplamente debatidos, inclusive com verificações sobre a adequação e pertinência dos parâmetros e comparações ali adotados.

“O levantamento diz que o tempo para entrega de encomendas expressas é maior que os principais serviços do mundo, e o período de entrega praticado pelos Correios no e-commerce subiu nos últimos anos.”

Pesquisas apontam que 3 de cada 4 encomendas postadas por pequenas e médias empresas no Brasil seguem pelos Correios. Além disso, o Brasil tem características logísticas que devem ser levadas em conta em qualquer comparação séria. Somos um país continental, com o 5º maior território do mundo, e grandes assimetrias entre as regiões, sem contar as dificuldades logísticas propriamente ditas, expressas em vias ruins e até em localidades cujo acesso só se dá por ar ou água. A situação num pequeno país europeu certamente é bem mais simples de ser administrada.

Em resumo, os argumentos utilizados para tentar justificar a privatização dos Correios não se sustentam quando confrontados com a realidade. A ADCAP espera que a sociedade e a classe política percebam isso e evitem que essa má ideia prospere.

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