Fraude no INSS: demora do governo em investigar suspeitas amplia prejuízo bilionário

Por Dentro De Tudo:

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Um esquema de fraudes nos descontos de aposentadorias e pensões do INSS gerou prejuízos bilionários ao governo federal, após anos de omissão e lentidão na apuração das irregularidades. A investigação oficial começou apenas em 2023, embora os primeiros indícios já fossem conhecidos anteriormente. Só entre 2019 e 2024, mais de R$ 6,3 bilhões foram descontados de forma indevida de beneficiários. Quando considerados também os empréstimos consignados e as mensalidades de associações, os valores podem ultrapassar R$ 91 bilhões.

A Controladoria Geral da União (CGU) realizou auditorias em 29 entidades com Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, revelando que a maioria não tinha estrutura operacional ou documentação adequada. Mesmo assim, só em 2024 o relatório com as irregularidades foi enviado ao INSS. Somente em abril de 2025, após uma operação da Polícia Federal, o governo decidiu suspender os descontos de mensalidades associativas.

Apesar de alertas internos, medidas efetivas foram adiadas por anos. A lentidão no processo de verificação e as falhas na prevenção permitiram a continuidade dos prejuízos. A auditoria do Tribunal de Contas da União, realizada em 2024, confirmou que grande parte dos descontos foi feita sem autorização dos beneficiários. O órgão determinou bloqueios preventivos e exigiu métodos mais seguros de autorização, como assinatura eletrônica e biometria.

Analistas avaliam que o escândalo pode agravar a crise de popularidade do governo federal, especialmente por atingir em cheio aposentados e pensionistas de regiões que historicamente apoiam a atual gestão. Há ainda preocupação com o impacto caso o ressarcimento dos valores desviados seja feito com recursos públicos, o que ampliaria o desgaste junto à população.

Tentativas anteriores de endurecer as regras para descontos, como a exigência de revalidação anual da autorização, foram enfraquecidas por alterações no Congresso. A proposta original acabou modificada, postergando a revalidação para prazos mais longos.

Diante da complexidade do caso e do volume de recursos desviados, especialistas alertam que o ressarcimento pode se tornar inviável, já que muitas das entidades envolvidas não possuem mais os valores recebidos. A responsabilização dos envolvidos e a recuperação dos recursos seguem como desafios para o governo.

Foto: Gabriela Biló / Folhapress

Fonte: Jornal O Tempo – Política

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