Transplante de fezes reduz risco de síndrome metabólica, revela estudo

Por Dentro De Tudo:

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Um estudo realizado pela Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, revelou que um único transplante de fezes, que consiste na administração de bactérias intestinais benéficas de doadores saudáveis em forma de cápsulas orais, pode reduzir o risco de síndrome metabólica por pelo menos quatro anos. A pesquisa foi publicada em 28 de agosto na revista Nature Communications.

O estudo acompanhou 55 indivíduos obesos durante cinco anos após o tratamento inicial, mostrando melhorias significativas nos marcadores metabólicos e na quantidade de gordura corporal, mesmo sem uma perda considerável de peso ou alteração no índice de massa corporal.

Os pesquisadores revisitaram um ensaio clínico iniciado em 2019, que envolveu 87 adolescentes obesos. Os participantes receberam cápsulas contendo microrganismos intestinais de doadores saudáveis ou placebo. Quatro anos depois, 55 deles foram reavaliados: 27 que receberam o transplante fecal e 28 que tomaram placebo.

Os resultados indicaram que, apesar da ausência de emagrecimento significativo, os indivíduos que receberam o transplante apresentaram uma redução consistente nos índices que compõem a síndrome metabólica. Essa síndrome é caracterizada por fatores como pressão arterial elevada, glicemia alta, excesso de gordura abdominal e colesterol alterado, que aumentam em até cinco vezes o risco de diabetes tipo 2 e duplicam a probabilidade de infarto ou AVC.

O endocrinologista pediátrico Wayne Cutfield destacou a importância dos resultados: “O impressionante é que um único tratamento produziu uma redução drástica na síndrome metabólica. Isso significa que os participantes correm um risco muito menor de desenvolver diabetes e doenças cardíacas a longo prazo”, afirmou em comunicado à imprensa.

Além das melhorias nos escores metabólicos, os pacientes tratados apresentaram um menor percentual de gordura corporal e mantiveram bactérias intestinais benéficas mesmo anos após a intervenção. Os cientistas acreditam que esses resultados abrem caminho para o desenvolvimento de tratamentos que possam “programar” o microbioma intestinal, possibilitando a criação de probióticos de nova geração que previnam doenças antes que elas se manifestem.

“Imagine poder programar seu microbioma para reduzir o risco de doenças antes que elas ocorram. Este trabalho abre caminho para probióticos que visam condições específicas por meio de mudanças sustentadas no microbioma”, concluiu o geneticista Justin O’Sullivan, um dos autores do estudo.

Os pesquisadores ressaltam que o estudo ainda precisa ser replicado em grupos maiores e que será necessário identificar quais combinações de microrganismos proporcionam os maiores benefícios. No entanto, a persistência das bactérias saudáveis sugere que tratamentos contínuos podem não ser necessários.

Fonte: Metrópoles – https://ift.tt/w4k7A68

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