Muitas pessoas da cidade estão cada dia mais encantadas com as abelhas urbanas sem ferrão e tem até gente criando esses insetos dentro de casa até mesmo em varandas de apartamento (veja dicas para começar uma criação no final da reportagem).
O Brasil tem a maior diversidade deste tipo de abelha do mundo, abrigando mais de 200 espécies dessas que perderam a capacidade de ferroar milhões de anos atrás e que, por isso, não machucam ninguém.
Elas polinizam bilhões de flores nos cultivos de plantas nativas, sendo que 39% das espécies vegetais dependem delas para se reproduzirem.
Dentro de casa
A psicopedagoga Cláudia Eleutério, que mora no centro da cidade de São Paulo, é uma das pessoas que cuida de abelhas em casas. Na varanda de seu apartamento, ela cria quatro colônias: mandaçaia, uruçu amarela, mirim droryana e jataí.
Ela conta que é perfeitamente possível criá-las em um espaço pequeno e que às 5:30 da manhã, as abelhas já saem para polinizarem a vegetação da cidade.
Claudia foi aluna do biólogo Cristiano Menezes, da Embrapa Meio Ambiente, que criou um curso gratuito pela internet para orientar pessoas que queiram criar abelhas em grandes centros urbanos.
O curso mostra a complexidade da vida das abelhas e como manter as colmeias sadias. Coletar o mel não é objetivo principal das aulas, pois as abelhas são miúdas e, por isso, a produção é pequena, às vezes insuficiente até para elas.
Bombom de pólen
Outro entusiasta é o advogado Danilo Bifone, que cuida de 30 colmeias em casa junto com a sua mãe.
Em seu quintal, ele cultiva uma palmeira jerivá, juçara, ipês amarelos e goiabeiras, plantas que as abelhas adoram. E, no inverno, quando a comida é pouca, eles fazem bombons de pólen para alimentá-las.
“Se a gente estivesse em uma área de fazenda, floresta, nós não precisaríamos alimentar as abelhas, elas, por si só, iriam se nutrir. Mas, como a gente está em um ambiente urbano, a gente faz esse bombom baseado em pólen e recobre eles com cera”, diz Bifone.
Como é a vida da abelha sem ferrão
A vida das abelhas sem ferrão é parecida com a de qualquer operária como elas: trabalham dia e noite.
Quando ainda são meninas, ajudam na construção das pequenas células onde a rainha bota os ovos e a forrar as paredes da colônia com própolis para não entrar luz, porque as rainhas não suportam a claridade.
Quando a abelha operária já não é mais criança está na hora da sua grande aventura na vida: sair da colônia para ir buscar pólen e néctar das flores. Em cada viagem, ela chega a visitar pelo menos 50 flores.
Quando a abelha jovem sai da colmeia pela primeira vez, ela faz isso de costas para guardar na memória o desenho da porta de entrada da casa dela e do entorno.
A abelha tem uma fantástica memória da paisagem. Ela tem 5 olhos: 2 normais e 3 em cima da cabeça, com os quais ela se orienta pela direção do sol para poder voltar para casa trazendo o pólen.
Dentro da colmeia, as operárias, uma a uma, vão tirando o pólen das patas e jogando no pote para ser estocado. O pólen é uma fonte de proteínas para elas.
Em outros potes, elas vão expelir o néctar que estava armazenado em uma bolsa, no fundo da garganta, uma matéria prima para o mel, líquido mais precioso para as abelhas.
Dicas para começar criação de abelhas
Para quem quer começar a criar abelhas sem ferrão deve, antes de tudo, descobrir quais são as abelhas nativas da região onde mora.
Depois é importante fazer um curso, estudar, conseguir o maior número de informações possíveis sobre as abelhas sem ferrão para que você consiga mantê-las saudáveis no quintal da sua casa ou na varanda do seu apartamento.
Quem tiver mais de 49 colônias precisa registrar a criação no órgão ambiental do seu estado. Já aqueles que têm menos e não têm finalidade comercial está dispensado.