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Acidentes causados por sono ao volante: Brasil não tem projeto para mitigar o problema

Por Dentro De Tudo:

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O Brasil avança lentamente em relação a medidas que poderiam salvar vidas nas estradas. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) não tem previsão de implementar tecnologias que detectem fadiga e sono em motoristas, enquanto na Europa essa regulamentação já é uma realidade. Em julho deste ano, um novo pacote de normas do Euro NCAP começou a vigorar, obrigando montadoras a incluir em veículos novos sistemas que alertam motoristas sobre sonolência, visando reduzir os acidentes nas estradas.

Na Europa, essa iniciativa faz parte de um plano mais amplo para salvar 25 mil vidas até 2038 e eliminar mortes no trânsito até 2050. Em contrapartida, no Brasil, cerca de 40% dos acidentes em rodovias federais são atribuídos à sonolência, sendo essa a terceira maior causa de acidentes, atrás do uso de álcool e velocidade excessiva. Quando se somam sono e fadiga, esse número sobe para quase 60%.

Embora a Europa avance rapidamente na regulamentação de segurança, o Brasil permanece estagnado. O Contran afirma que as regulamentações recentes se baseiam na Resolução 717 de 2017, que define quais novos itens devem ser considerados, mas não há uma periodicidade clara para revisão dessas normas. Isso significa que tecnologias como o monitoramento de sonolência e fadiga ainda não têm um cronograma definido para implementação.

A urgência dessa tecnologia é inegável, pois sua função é semelhante à de um airbag: salvar vidas. O atraso do Brasil em adotar essas medidas representa um drama social, pois, mesmo após a publicação de novas normas, ainda haveria um extenso período de adaptação para a indústria. Isso significa que, se tudo correr bem, só poderíamos ver esses sistemas em funcionamento na próxima década, uma perspectiva preocupante diante da necessidade urgente de proteger vidas.

Sidnei Canhedo é mestre em saúde ambiental e gestor da Optalert.

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