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Copo usado, rato na rua, xixi na piscina, espirro: pesquisa da UFMG testa se pandemia mudou o ‘nojo’ das pessoas

Por Dentro De Tudo:

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O que te dá mais nojo? Uma ratazana passando pela rua, alguém colocando ketchup num sorvete de baunilha ou uma pessoa espirrando por perto sem tampar a boca?

Você se incomoda ao usar uma roupa de outra pessoa, um copo onde seu amigo tomou água antes, um telefone público?

Estas e outras situações são postas a teste numa pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que avalia a influência da pandemia no psicológico das pessoas. O objetivo do estudo é descobrir se, durante a pandemia da Covid-19, o sentimento de nojo vem influenciando o julgamento moral dos indivíduos.

A primeira etapa da pesquisa “Saliência variável de uma ecológica sobre a vigilância moral” consiste na coleta de dados por meio de um questionário on-line, voltado para pessoas a partir dos 18 anos, que pode ser respondido até a próxima quinta-feira (30).

De acordo com o pesquisador responsável e doutorando em Cognição e Comportamento pela UFMG, Cláudio Silva, o questionário conta com escalas que medem a percepção da pessoa sobre sua vulnerabilidade a doenças, o medo da Covid-19, uma “escala de nojo” e uma escala moral.

As escalas possuem níveis que variam de 0 a 5, ou 0 a 7. Ao final da coleta, os dados serão tratados para que seja avaliado se o julgamento moral se intensificou, ou não, durante a pandemia da Covid-19.

A segunda etapa da pesquisa deve ocorrer em julho de 2022, quando os participantes atuais serão convidados a responder novamente o questionário.

O objetivo é comparar as respostas, visto que, no período citado, é previsto que o quadro pandêmico melhore e a maior parte da população esteja imunizada.

O estudo conta ainda com o professor do Programa de Graduação em Cognição e Comportamento da UFMG Renato Bortoloti e com a professora do Departamento de Economia da UFMG Lízia de Figueiredo.

Pesquisa inédita

O pesquisador Cláudio Silva conta que o estudo é inédito, visto que é o primeiro do tipo realizado durante uma pandemia.

“Já tinha alguma coisa na literatura, mas são pesquisas baseadas em simulações de laboratórios. Foi uma oportunidade de estudar em vivo os efeitos da pandemia no sistema comportamental”, conta.

Ele detalha que o estudo se baseia na teoria do “Teoria do Sistema Imunológico Comportamental”, desenvolvida pelo pesquisador canadense Mark Schaller, em 2011.

A pesquisa base atesta que esse sistema se desenvolveu paralelamente ao sistema imunológico biológico humano, devido a situações sociais e culturais, sendo um sistema intuitivo e psicológico.

“O sistema imunológico [biológico] é muito caro e atrasado, ele só se manifesta depois que você ficou doente quando teve contato com um vírus, bactéria, algo estragado ou envenenado. Ele é reativo. Já o sistema imunológico comportamental possui comportamento proativo. Ele é psicológico, não é celular, e consiste em uma série de atitudes e comportamentos que visam evitar que você se contamine”, explica.

Segundo Cláudio, o que mede esse sistema comportamental é o nojo, uma emoção existente não somente em humanos, que pode ter mais de 1 milhão de anos de idade.

Em situações de crise patológica, como é o caso da pandemia da Covid-19, esse sistema pode se tornar mais intenso.

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