O Brasil está vivendo uma nova onda de infecções de Covid-19, com vários estados registrando casos de superlotação nas unidades de pronto atendimento. Nesta sexta-feira (7), o país registrou 53,4 mil casos por Covid em 24 horas. Além disso, o país vive um aumento de casos de gripe.
Em Belo Horizonte, os leitos de enfermaria para Covid-19 no SUS chegaram à lotação máxima. As unidades de saúde também seguem lotadas de pessoas com sintomas gripais em busca de testes e tratamento. A situação se repete em outras regiões.
O Consórcio Conectar, que representa mais de duas mil cidades brasileiras, pediu apoio ao Ministério da Saúde para reforçar a estrutura de atendimento na rede de saúde.
Mas o que o governo precisa fazer para evitar novos colapsos no sistema de saúde?
Especialistas apontam cinco pontos importantes para que o SUS não fique sobrecarregado com a nova onda de infecções:
- Continuar a vacinação
- Investir no atendimento em massa da população e ampliar testagem
- Criar gripários – tendas de atendimento para síndrome gripal
- Telemedicina e atenção primária
- Comunicar a população de forma clara
“Nessas últimas quatro semanas estamos vendo que a taxa de conversão de um paciente ambulatorial [com Covid] para hospitalizado caiu muito. Quando as outras variantes estavam circulando [cepa original, gama e delta], a chance de hospitalização e até óbito era muito maior”, explica o infectologista Alexandre Naime Barbosa.
Naime acredita que essa “mudança” na história da pandemia no Brasil se deu por dois fatores: a vacinação em massa e a ômicron – mais de 67% da população está totalmente imunizada (duas doses ou dose única).
Por isso, a primeira coisa a ser feita neste momento é TOMAR A VACINAR. “Quem não tomou a segunda dose, deve tomar. Quem precisa de reforço, deve procurar o reforço. E precisamos vacinar as crianças o quanto antes. Quando liberar para a idade do seu filho, leve ele para vacinar”, diz Salvador.
“Os casos de síndrome gripal explodiram no Brasil. Estamos vendo uma superlotação no atendimento primário e pronto atendimento. O que podemos fazer? Investir no atendimento em massa da população, aumentar a capacidade de pronto atendimento das UBSs, criar gripário para esse tipo de atendimento”, alerta Naime.
Telemedicina pode ser alternativa
Logo após os primeiros casos da Covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde autorizou o uso temporário da telemedicina no país. Esse novo modelo serve para atendimento clínico, consultas, diagnósticos e acompanhamento de pacientes.
Para Naime, ela pode ser uma aliada para desafogar os sistemas de saúde. “A telemedicina também é válida. Você consegue traçar um panorama clínico do paciente, mesmo à distância, para verificar se o quadro do indivíduo está evoluindo para um caso mais grave, por exemplo”.
Salvador concorda. “Municípios e gestores do SUS deveriam ampliar a oferta de telemedicina para atender pessoas com quadros leves, assim como os setores privados. O serviço hospitalar precisa ser focado nos quadros graves.”
Comunicação clara
Para evitar fake news que assustam a população, a comunicação dos órgãos municipais, estaduais e federais deve ser clara.
“A grande falha em relação à campanha de vacinação é a falta de comunicação. O governo precisa usar os recursos do PNI para fazer campanhas maciças de vacinação. Não tem campanha de comunicação por parte do governo. O Estado tem que assumir sua função”, disse.
O infectologista ressalta que a pandemia mostrou como vivemos em uma bolha. “Grande parte da população ainda não pegou a informação. Precisamos de informes mais claros: está com febre, dor de garganta e tosse? Procure ajuda”.