Todas as amostras de coronavírus que passaram por estudo genômico em Minas Gerais nas últimas semanas eram da variante delta. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), entre 3 e 30 de outubro, 22 análises foram realizadas, e em 100% delas a cepa foi identificada.
Nos períodos anteriores, entre agosto e setembro, nas amostras sequenciadas foi detectada também a variante gama, a predominante em Belo Horizonte nos primeiros sete meses deste ano.
O primeiro caso da delta em Minas Gerais foi registrado em 27 de maio, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. No dia 17 de agosto, o estado confirmou a existência de transmissão comunitária da cepa. Poucos dias depois, a variante já era predominante nas amostras de coronavírus analisadas.
A delta é considerada mais contagiosa – um documento divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) apontou que a variante é tão transmissível quanto a catapora.
Além disso, um estudo realizado a partir do sequenciamento genético de amostras de 43 mil britânicos com Covid-19 mostrou que pacientes infectados com a delta têm o dobro de chance de serem hospitalizados do que os contaminados pela variante alfa do coronavírus.
Em Minas Gerais, no entanto, a entrada da variante delta não causou impactos na demanda hospitalar. Nos últimos meses, o estado tem registrado queda no número de casos de Covid-19 e mortes em decorrência da doença.
Segundo Renan Pedra, além do avanço da vacinação, o histórico da variante gama em Minas Gerais e a manutenção do uso de máscaras contribuíram para a delta não causar novas ondas de Covid-19 no estado.
“No Brasil, a gente vinha de um histórico de gama muito forte e fez a virada para a delta. O histórico que a gente estava observando, que era reportado até o momento, era o da América do Norte, que vinha de uma grande quantidade de infecções pela alfa, e aí a delta entrou. A gente ainda não sabe muito bem o porquê, mas tem hipóteses muito fortes de que o fato de termos tido a gama em vez da alfa anteriormente reduziu os impactos negativos da entrada da delta”, explica o professor.