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Cuidado com o doce: diabetes é sete vezes mais mortal que hipertensão

Por Dentro De Tudo:

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A hipertensão é sempre a primeira suspeita quando se fala de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outras doenças cardiovasculares. Mas um estudo de pesquisadores do Instituto de Saúde (InCor) e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) revelou que a pressão alta tem um concorrente bem mais mortal. Um cruzamento de informações de fontes do governo, como Ministério da Saúde, do Desenvolvimento Social e IBGE entre 2005 e 2017, foi possível determinar o número de mortes atribuídas a cada fator de risco: tabagismo, hipertensão, obesidade, colesterol alto e diabetes.

Os pesquisadores concluíram que o diabetes teve impacto até 10 vezes maior que as demais causas de mortes por doenças cardiovasculares no país no período e que, comparada à hipertensão, a glicose elevada provocou sete vezes mais mortes no período. “Estamos falando de uma doença intimamente ligada aos hábitos de vida dos brasileiros e que, portanto, pode ser prevenida. Isso sinaliza que, como sociedade, nosso estilo de vida não caminha na direção certa”, comenta o nutricionista funcional Diogo Cirico.

Uma rápida análise dos dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde explica a sexta posição do Brasil no ranking de maior incidência de diabetes. “Entre 18 e 26% dos adultos que moram em capitais brasileiras se declararam obesos; entre 6,8 e 25,74% disseram consumir refrigerantes mais de cinco vezes por semana; de 10,79% a 23,83% afirmaram comer doces 5 ou mais vezes por semana e de 39,65% a 50,86% confessaram que não praticam atividade física suficiente. Esses números demonstram que os hábitos do brasileiro precisam melhorar”, enumera o nutricionista e responsável técnico da Growth Supplements.

A saúde da população brasileira, diz o nutricionista, é uma bomba prestes a explodir. “A diabetes é uma doença crônica provocada principalmente por maus hábitos de vida, como alimentação de baixa qualidade, excesso de calorias, tabagismo, sedentarismo, alto consumo de álcool e de açúcar. Na média, o brasileiro come poucas frutas, verduras e legumes e muitos alimentos ultraprocessados, que têm baixíssimo valor nutricional. Eles não têm fibras, vitaminas nem minerais. São um grande fator de risco para a diabetes”, alerta.

Mas, uma vez diagnosticada, Diogo explica que é preciso saber escolher o que colocar no prato para não provocar complicações que levem a doenças mais graves. Além das doenças cardiovasculares, o diabetes também é o responsável por 70% das amputações de pernas e pés e a maior causa de cegueira no mundo. “É possível manter a doença controlada com bons hábitos, como alimentação adequada e atividade física. Refrigerantes, bolos, sucos industrializados, sorvetes e doces devem ser evitados ao máximo. Os carboidratos presentes nos cereais integrais, frutas, verduras e legumes estão liberados”, completa.

Mas não é só o açúcar que faz mal aos diabéticos. “A gordura saturada das carnes em geral, dos alimentos embutidos, lácteos integrais, molhos industriais; caldos concentrados; bacon e massas folhadas também traz problemas e deve ser evitada”, afirma. Fontes de gordura indicadas para esses pacientes são as oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes), azeite de oliva extra virgem, abacate e ovos.

Prevenção
Evitar o surgimento da doença é, segundo o nutricionista, algo muito simples na teoria: bastaria manter hábitos de vida saudáveis. Na prática, porém, Cirico reconhece que é bem mais complicado. “Hábito é algo diário, precisa contemplar uma mudança de mentalidade. E isso é difícil porque manter bons hábitos é uma tarefa que demanda tempo. Você precisa de tempo para fazer as atividades físicas, precisa de tempo para planejar a alimentação durante a semana, fazer as compras e cozinhar. Em um mundo cada vez mais corrido, essa é a maior dificuldade”, afirma.

Entre as recomendações de combate e prevenção ao diabetes estão a prática de atividade física pelo menos três vezes na semana (ou pelo menos 150 minutos semanais); ter boas noites de sono e uma dieta balanceada. “Para a gente evitar, de forma muito eficiente, o surgimento do diabetes basta ter um grande consumo de frutas, verduras e legumes de todos os tipos, todos os dias. O recomendável é pelo menos 600 gramas de vegetais por dia, excetuando os vegetais que têm muito amido, como batata e mandioca”, ensina.

Maus hábitos
Se livrar dos maus hábitos também é tarefa difícil, já que estão ligados a fatores diferentes: comportamentais, hormonais e ambientais. “Estamos dormindo menos por uma questão comportamental: nossa rotina está muito cheia, então acabamos sacrificando o sono para ter um pouco de lazer, por exemplo. Quem não tem o centro que regula a fome e saciedade (hipotálamo) bem calibrado acaba tendo problemas com sobrepeso. Além do mais, também sofremos influência das nossas companhias. Dá para ver que abandonar esses hábitos requer ação em várias frentes”, avalia Diogo Cirico.

Vida normal
O especialista em nutrição funcional reforça que, com os avanços da ciência na área da saúde, o diabético não precisa de uma dieta especial. “Ele tem uma missão: manter-se dentro de uma alimentação saudável e balanceada pelo resto da vida. Isso não significa que não vai poder comer doce, mas que ele vai comer um pouco de doce, sem excesso e sempre com hábitos saudáveis, como se exercitar regularmente e ter boas noites de sono”, finaliza.

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