Nesta terça-feira (6/6/23), os deputados da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) apresentaram demandas de melhorias em rodovias ao diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), Rodrigo Tavares.
Foram inúmeras as solicitações feitas pelos parlamentares, a partir de questionamentos apresentados por seus eleitores. Os problemas estão espalhados por todas as regiões do Estado. São buracos, quedas de barreiras, pontes interditadas e trechos com trânsito congestionado e altos índices de acidentes.
No Alto Paranaíba, a deputada Maria Clara Marra (PSDB) teve o pneu do carro furado devido às más condições da MG-187, que liga Ibiá a Patrocínio. Por isso, ela pediu intervenções na rodovia que não sejam apenas operações tapa-buracos.
Outro problema citado pela parlamentar é na MG-462, entre Patrocínio e Perdizes. A rodovia foi privatizada, mas os moradores da região reclamam da má qualidade do asfalto que vem sendo renovado pelo consórcio Infraestrutura MG.
No Vale do Aço, as condições das rodovias são muito precárias, segundo o deputado Celinho Sintrocel (PCdoB). Ele mostrou a situação da MG-320, que liga Marliéria e Jaguaraçu à BR-381. A erosão provocada pelas chuvas fez a pista ceder em vários pontos. “Não tem a mínima condição de rodar ali”, afirmou o parlamentar.
Já o deputado Antonio Carlos Arantes (PL) pediu a pavimentação da estrada que liga Guapé a Pimenta, interligando as regiões Sul e Centro-Oeste de Minas. O parlamentar também defendeu a fiscalização das balanças nas estradas, que, segundo ele, não têm pesado corretamente as cargas de caminhões.
O deputado Adriano Alvarenga (PP) reivindicou melhorias em rodovias na Zona da Mata. Uma das obras prioritárias para o parlamentar é a alça do anel rodoviário de Ponte Nova. “Passamos quatro anos fazendo o realinhamento das contas públicas. Agora está na hora de investir nas rodovias estaduais”, afirmou.
O presidente da comissão, deputado Thiago Cota (PDT), também cobrou melhorias em vários trechos de rodovias e criticou a proposta de privatização da BR-356, entre Nova Lima e Ouro Preto. “Sou contra a privatização em que o pedágio chega antes da infraestrutura”, afirmou. Para o parlamentar, os recursos para a rodovia poderiam vir do novo acordo de Mariana, que está sendo negociado para compensar os danos provocados pelo rompimento da barragem da Samarco.
Por sua vez, o deputado Gustavo Santana (PL) disse que o Governo do Estado está trabalhando para melhorar as rodovias mineiras. “Passamos quatro anos e cinco meses pagando dívidas atrasadas, para depois pensar em investimentos”, ponderou.
Redução de investimentos piorou situação das estradas
O diretor-geral do DER-MG, Rodrigo Tavares, explicou que as condições das rodovias estaduais foram se deteriorando devido à redução dos investimentos em manutenção entre 2015 e 2021.
Em 2015, quando foram investidos R$ 591,6 milhões, 9,8% das estradas estaduais estavam em mau estado de conservação. Esse percentual subiu para 15,9% em 2018, quando os investimentos caíram para R$ 300,6 milhões. Na gestão Romeu Zema, os gastos foram subindo e estão estimados em R$ 800,8 milhões em 2023. Mesmo assim, as rodovias em mau estado de conservação já representam 22,2% da malha estadual.
“Não vamos conseguir resolver os problemas de 5 mil km de estradas da noite para o dia”, admitiu o diretor do DER. Segundo ele, os investimentos ainda são baixos, mas foram suficientes para impedir que a situação das rodovias continuasse piorando. “Se conseguirmos investir R$ 1 bilhão por ano, chegaremos a 2026 em uma situação um pouco melhor que hoje”, afirmou.
Rodrigo Tavares garantiu aos deputados que há obras de recuperação de rodovias em todas as regiões do Estado e já foi contratada uma consultoria para mapear os pontos mais críticos, que serão priorizados nos próximos anos. Em breve serão licitados sete contratos de manutenção, para viabilizar obras mais robustas de recuperação de trechos deteriorados em várias regiões.
Para o diretor do DER, é preciso pensar em novas fontes de financiamento, de modo a assegurar que os investimentos na manutenção das rodovias estaduais sejam permanentes. “Nem com o dinheiro do acordo com a Vale vamos conseguir resolver todos os problemas que temos”, disse, referindo-se à compensação pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho.
O deputado Thiago Cota concordou com a necessidade de fontes alternativas de financiamento das obras de recuperação das estradas. Ele sugeriu a criação de um fundo com recursos das mineradoras, como forma de compensar os impactos provocados por sua atuação. “Sem dinheiro, não vamos conseguir fazer a manutenção preventiva das nossas rodovias”, afirmou.