Pelo menos 16 cidades enfrentam falta de água por causa do clima seco no interior de São Paulo. Muitas adotaram esquema de racionamento para evitar um colapso ainda maior no sistema de abastecimento.
Um dos maiores reservatórios de água do interior do estado está secando. A represa de Itupararanga, na região de Sorocaba, que abastece mais de 1 milhão de pessoas, nunca esteve como agora: só com 22% da capacidade.
“As chuvas foram abaixo dos 40% da média histórica que a gente normalmente tem para essa região. Então, fez com que a represa chegasse ao início do período de estiagem em abril com um volume muito baixo, e isso só foi diminuindo de lá para cá”, explica André Cordeiro, do Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e do Médio Tietê.
Essa é a pior crise hídrica no estado de São Paulo nos últimos 90 anos, e a falta d’água já afeta a vida de mais de dois milhões de moradores. Em muitas cidades, os sistemas de abastecimento entraram em colapso. Rios e represas estão desaparecendo. Toda uma área que deveria estar cheia de água, hoje está vazia. Guardas municipais estão indo de casa em casa para alertar os moradores, e quem desperdiçar água será multado em R$ 600.
Em Itu, moradores reclamam que o rodízio não funciona. O esquema já dura três meses e não tem previsão para acabar. Em muitas casas, falta água para o básico.
Há um mês, moradores de Franca também estão com rodízio de água. Comerciantes estão amargando prejuízos.
“A gente está pensando, sim, em fazer um dia de folga geral para dar uma pausa nesses gastos, porque não tem como repassar isso ao cliente”, diz a empresária Juliana Moretti.
Em Bauru, o rodízio de água já dura seis meses e não deve acabar este ano. O Rio Batalha, que abastece 40% da cidade, está baixando cada dia mais. Caminhões-pipas estão ajudando no abastecimento, mas a água no galãozinho não é suficiente. Nas casas, pias abarrotadas de louça e nas torneiras nenhuma gota.
A Companhia Ituana de Saneamento disse que fez os ajustes necessários para cumprir o rodízio conforme o cronograma, abastecendo as residências de Itu nos dias programados — não por 24 horas corridas, mas com tempo para encher os reservatórios das casas.