sábado, 4 de maio de 2024

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Finalmente, a vez dos pequenos

Por Dentro De Tudo:

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Belo Horizonte iniciou ontem a vacinação contra a COVID-19 entre crianças de 5 a 11 anos. Neste primeiro momento, por conta do número de doses disponíveis (10.800), estão sendo contempladas crianças com comorbidades ou deficiência permanente, indígenas, quilombolas, acamadas ou com mobilidade reduzida.

No primeiro dia de imunização, a vacinação foi feita, exclusivamente, em centros de saúde, das 8h às 14h. A reportagem do Estado de Minas esteve no Centro de Saúde Marco Antônio de Menezes, no Bairro Sagrada Família, na Região Leste da capital, que teve movimentação tão tranquila que até remanejou a área de aplicação de doses para atender ao novo público.

Ao ser perguntado se a injeção doeu Yago Araújo, de oito anos, mostrou bravura de início. “Não doeu, eu estava ansioso”, disse, antes de retificar e dizer que a vacina “doeu um pouco”. A mãe dele, Pâmela Araújo, de 24, disse que a vacinação foi rápida e elogiou a equipe de atendimento: “Foi boa, bem rápida. Chegamos, apresentei os documentos e logo vacinou. Depois, espera uns 20 minutos para ver se tem uma reação imediata e acabou”.

Outro destemido foi Rodrigo Martins, de 10. Ele saiu do centro de saúde com um cartaz exaltando a vacina e o Sistema Único de Saúde (SUS) e disse que a aplicação foi tranquila. “Não senti nada e já quero voltar logo para tomar outras”, disse. A segunda dose desse grupo está agendada para 23 de março.
Andressa Pereira, de 30, mãe de Rodrigo, afirmou que não titubeou ao levar o filho para se vacinar: “Eu estava muito ansiosa. Acreditamos na vacina, eu já tomei duas doses e estou com a de reforço para tomar, então é motivo de alegria. E aqui foi muito bom, brincaram com o Rodrigo, foi ótimo”.

Lara Salustiano, de seis, se queixou timidamente. “Doeu”, disse, ao ser perguntada sobre o que achou de tomar a vacina. Fernanda Monteiro, de 37, mãe da garota, disse estar um pouco mais aliviada e se sentir mais segura para que Lara retorne às aulas presenciais. “Foi muito bom, a equipe foi ótima, a gente fica com menos tensão. Agora, vou comprar o material escolar para ela voltar presencialmente”, destacou.

EXPECTATIVA

Outra criança que saiu com cartaz em mãos e orgulhosa da imunização foi Gabriela Meireles, de sete anos. Ela disse que não queria sair de casa nesse sábado, mas que tudo bem se fosse para se vacinar. E doeu? “Mais ou menos”, respondeu Gabriela.

A mãe dela, Daniela Lisboa, de 39, também estava com expectativa alta. “Foi perfeito, o pessoal atendeu a gente muito bem, ambiente todo caracterizado, lúdico mesmo, e as crianças adoraram, puderam desenhar. Foi bom”.

Segurança assegurada

A vacinação contra a COVID-19 entre crianças de 5 a 11 anos em BH começou quase um mês depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a imunização dessa faixa etária. A aplicação de doses em crianças foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores – que, sem apresentar provas, questionaram a segurança de se vacinar crianças contra o novo coronavírus.

Paulo Roberto Lopes Corrêa, diretor de Programação em Saúde e Segurança Epidemiológica da Prefeitura de BH, garantiu que as vacinas são seguras. Ele também explicou que o período de 20 minutos de aguardo nos centros após a vacinação é uma recomendação, para que as crianças tenham um bom início de pós-imunização.

“A gente quer tranquilizar os pais e as crianças que estamos usando os imunizantes seguros, aprovados, e cientificamente comprovados. É um momento importante para a cidade, e é fundamental que as pessoas continuem tomando os cuidados necessários, como procurar vacinação e usar máscaras de proteção. O tempo de espera não é obrigatório, e é mais para acompanhar como as crianças recebem a vacina, contando neste caso com o auxílio dos responsáveis”, afirmou.

A expectativa é de que parte das 10.800 doses ainda sejam aplicadas amanhã e terça-feira (18). Nesses dias, haverá um foco na aplicação da vacina em crianças acamadas. Somente depois, com a disponibilidade de mais doses, é que se planejará a imunização pela idade sem restrições nesta faixa etária.

Minas Gerais recebeu, na manhã dessa sexta-feira, do Ministério da Saúde, a primeira remessa da vacina infantil da Pfizer/Comirnaty, com 110 mil doses – Minas tem 1,8 milhão de crianças nessa faixa, segundo dados da Fundação João Pinheiro (FJP). A distribuição ocorreu durante a parte da tarde, e algumas cidades iniciaram a imunização no mesmo dia em que receberam as doses.

AMPLIAÇÃO

Belo Horizonte conta com 193 mil crianças na faixa etária de 5 a 11 anos. Quando a imunização for ampliada para todas, elas devem comparecer aos postos de saúde acompanhadas de algum responsável. É necessária apresentação de cartão de vacina e documento de identificação.

Segundo dados divulgados nessa sexta-feira pela prefeitura da capital, BH tem 2.149.128 vacinados com a primeira dose do imunizante contra a COVID-19 (87,7% da população total da cidade), 1.987.505 com a segunda (81,2%) e 562.036 com doses de reforço ou adicionais (22,3%). (MM)

Novo recorde em Minas: 19 mil casos

Sinal vermelho ligado e a situação tende a piorar. O boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou ontem um novo recorde de diagnósticos de COVID-19 no estado, com 19.153 novos casos em 24 horas e 19 mortes.

O número de infectados é superior ao constado na sexta-feira, quando foi divulgada a confirmação de 18.910 casos de infecção pelo novo coronavírus. E o cenário nem de longe mostra melhora diante da disseminação da variante ômicron.

O secretário da Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, já alertou que a tendência é o crescimento da população contaminada neste mês, podendo chegar ao pico em duas semanas.

A constatação positiva, porém, é que os casos têm sido menos graves em vacinados, e a população segue se imunizando. Fábio Baccheretti também já declarou que o cenário, ainda que ruim, não deve se assemelhar em nada com o que foi o pico da COVID-19 em Minas, em março de 2021.

De qualquer forma, o alerta é total, principalmente mediante o risco de colapso dos profissionais de saúde, muitos contaminados e afastados do trabalho, e o crescimento de internações do público em geral.

As medidas de segurança e proteção continuam sendo essenciais, avisam os especialistas: máscara tampando boca de nariz, de boa qualidade (preferencialmente PFF2), higienização das mãos e se manter distante de aglomerações.

Em Minas Gerais, o número total de casos confirmados chegou a 2.349.381. Estão sendo acompanhados 105.450 e o estado já contabiliza 56.810 óbitos.

LOTAÇÃO

Um dos motivos para precaução é a lotação dos postos de saúde, que tem dificuldade o atendimento às pessoas com sintomas de síndromes gripais. A auxiliar veterinária Doralice Cristina Silva Tomé, de 33 anos, ficou mais de seis horas deitada nas pernas da filha, ontem, sob o calor de 30°C. “Só consegui ficar deitada, devido às dores forte nas pernas”, contou.

Ela relata ter chegado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste, no Bairro Vera Cruz, às 9h e conseguiu atendimento apenas às 15h30. “Eu não queria ficar lá dentro, preferi ficar do lado de fora. Se eu não estiver com COVID, poderia acabar pegando se ficasse muito perto”, comentou.

Doralice procurou a unidade de saúde com dores musculares, febre, tosse e falta de ar. Os sintomas começaram na sexta-feira. Ela conta que a suspeita do médico é de gripe, influenza ou COVID-19. Ela afirma ter percebido que pessoas ao seu redor estavam com sintomas parecidos. ‘”Até mesmo crianças”’, lamentou. ‘”Está demorando muito para atender. Mas o médico me tratou super bem”, pontuou.

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou que a UPA Leste funciona com quadro completo: com seis clínicos, dois pediatras, um ortopedista e um cirurgião. “A unidade registrou, entre 7h e 16h, 285 atendimentos neste sábado, a maioria classificados como não urgentes (verde). O tempo de espera varia de acordo com a gravidade do caso.”

Segundo a administração municipal, uma das estratégias para atender à alta procura foi a ampliação do horário de funcionamento, inclusive aos finais de semana, de nove centros de saúde (um por regional), para o atendimento a pacientes com sintomas respiratórios. “Desde o dia 1º, já atenderam a mais de 10 mil pessoas”, acrescentou.

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