Quinze pessoas foram indiciadas por maus-tratos e mortes de idosos numa casa de repouso em Minas Gerais. Com o fim das investigações, o lugar acaba de ser reaberto. Para a polícia, a principal personagem dessa história é uma ex-diretora da instituição.
Após nove meses de funcionamento restrito, supervisionado pela Vigilância Sanitária, a vila Padre Libério, em Divinópolis, pode reabrir suas portas para novos moradores.
Várias irregularidades levaram ao início de uma investigação policial. A suspeita é de que, por trás dos muros coloridos, o local tenha servido para a prática de tortura, cárcere privado, omissão de socorro, exercício ilegal da medicina, curandeirismo, falsidade ideológica e homicídio.
Acusada por estes crimes, a mulher que administrou a instituição durante oito anos: uma freira. A irmã de 54 anos.
Uma das pessoas que denunciaram os maus-tratos é uma enfermeira que trabalhou na clínica em 2021.
“Eu percebi os maus-tratos, percebi algumas agressões, né? Em alguns idosos, por causa dos gritos de socorro, de ‘Ai, me ajuda’, na sala de banho. E isso era frequente, todos os dias”, conta a mulher que pediu para não ser identificada.
A testemunha, que foi demitida depois das denúncias, registrou em fotos o horror: idosos amarrados em macas, as marcas que ficavam na pele. Ferimentos sem tratamento. Baldes que, segundo ela, serviam de banheiro. O quarto com grades e cadeado.
Para a delegada que conduziu as investigações, dez idosos morreram por causa da omissão de Adelaide Dantas. Com registro profissional de enfermeira, a freira fazia também papel de médica, de acordo com as investigações.
“Ela ministrava medicação, ela aplicava, ela suspendia medicação ao bel prazer dela, não tinha acompanhamento médico”, diz a delegada.
A enfermeira que denunciou o horror faz terapia para superar o que viu.
“Eram relatos principalmente da irmã que era uma morte linda que acontecia, que era a hora deles partir, mas morria por falta de socorro mesmo, né?”, diz.
Fonte: Globo/ Fantástico.