A greve dos motoristas do transporte público de Belo Horizonte está em seu segundo dia de paralisação. Nesta terça-feira (23), o sindicato dos trabalhadores e representantes das empresas de transporte vão se reunir novamente às 14h30. Saindo ou não um acordo que atenda aos motoristas, a greve irá se estender pelo menos até a quarta-feira (24).
Isso, pois, após a audiência, o sindicato dos trabalhadores informou que irá se reunir com a categoria no início da manhã de amanhã e, caso aprovado, o retorno dos coletivos só aconteceria no período da tarde.
“Não há como fechar mais uma convenção coletiva com 0% de reajuste. Hoje terá uma reunião às 14h30. A gente espera que tenha um avanço. E, avançando nessa reunião, o sindicato convocaria uma assembleia para a manhã desta quarta, para que os trabalhadores decidam. Sem isso não tem como interromper a greve”, aponta o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH).
Queda de braço
Trabalhadores e empresas travam uma queda de braço, que provoca um caos na mobilidade em Belo Horizonte. Os motoristas reivindicam reajuste salarial, que está congelado há três anos, dentre outras solicitações. Já o SetraBH, sindicato que representa as empresas de transporte, afirma que o setor vive uma crise sem precedentes e que não pode conceder aumento e nem atender às demais reivindicações.
Na reunião realizada na segunda-feira (22), o SetraBH aponta que não consegue custear as despesas. “Em outubro, tivemos um gasto de R$ 27 milhões só com óleo diesel, sem contar os gastos com pessoal, manutenção e demais despesas. A receita foi de R$ 64 milhões, sendo que seria necessário pelo menos R$ 100 milhões, ainda sim sem lucro”, exemplifica o sindicato patronal.
Na outra ponta, os motoristas alegam que suas contas também não fecham e que o reajuste salarial é emergente. “A greve irá permanecer até que seja sinalizada uma proposta ou até o reinício das negociações com alguma perspectiva, pois eles (SetraBH) decretaram o impasse. Disseram que é 0% e não teria mais conversa”, afirma o STTRBH.
Executivo
O SetraBH também cobra participação da PBH e também da BHTrans. Segundo o sindicato patronal, o poder executivo tem tratado a greve como um assunto em empresa privada e seus colaboradores. “A prefeitura precisa participar desse debate. Inclusive levamos para a reunião a proposta de criação de uma compensação extra-tarifária, na qual um percentual poderia ser utilizado para o reajuste dos salários”, sugere o SetraBH.
A compensação extra-tarifária, segundo as empresas de transporte, é um subsídio que já é aplicado em várias cidades no mundo todo. Trata-se de uma fonte de recursos que poderia vir de multas de trânsito, assim como ampliação do espaço de publicidade nos veículos e até mesmo uma taxa mínima de infraestrutura, na casa de centavos, como é cobrado pelas prestadoras de serviços de água, luz e telefonia.
Segundo o Setra BH, esse recurso extra tornaria a cobrança mais justa. “A compensação extra-tarifária é aplicada em cidades como São Paulo, Curitiba e na região metropolitana de Vitória. Em Paris, ela corresponde a 60% do valor da tarifa. Hoje toda receita é obtida com a tarifa, e quando há reajuste será cobrada da pessoa de baixa renda”, pontua o SetraBH.
Fonte: Hoje em Dia.