A captação das coordenadas, iniciada pelo IBGE no Censo Agropecuário 2007 para os endereços rurais, será estendida a todos os domicílios urbanos brasileiros no Censo Demográfico 2022. A expectativa é capturar coordenadas para mais de 75 milhões de endereços. Num primeiro momento, a captação das coordenadas servirá para o monitoramento em tempo real do trabalho dos recenseadores e a gestão da coleta. Mas beneficiará uma série de pesquisas do IBGE e trará retornos para toda a sociedade. As coordenadas serão associadas apenas ao endereço, preservando o sigilo estatístico.
Para garantir a qualidade dos dados coletados, o IBGE organizou, no dia 27 de abril, o seminário online A importância das Coordenadas Geográficas Coletadas no Censo, em que os técnicos orientaram as equipes de coleta sobre as formas corretas de captação das coordenadas, e tiraram dúvidas. Mediado pela assessora da Diretoria de Geociências, Miriam da Silva Barbuda, o seminário foi apresentado por Alex Santos, da coordenação de Geodésia e Cartografia, e Eduardo Baptista, da Coordenação Operacional dos Censos (COC), e reuniu mais de 700 pessoas.
“O IBGE foi pioneiro na captação de coordenadas de endereços já no Censo Agro 2007 – o primeiro a usar equipamentos de coleta – e no Censo Demográfico 2010. Nestas duas operações, foram capturadas coordenadas apenas para as áreas rurais, assim como no Censo Agro 2017. No Censo Demográfico 2022, será a primeira vez que o IBGE vai captar também as coordenadas dos domicílios urbanos. Para a produção de estatísticas, o benefício de ter a informação georrefenciada no nível mais detalhado é poder fazer agregações de dados nos mais diversos recortes geográficos”, explicou o diretor de Geociências do IBGE, Cláudio Stenner.
Stenner acrescentou que será viável, por exemplo, separar melhor as informações de uma bacia hidrográfica ou de áreas de risco de deslizamento e inundações, como no projeto que está sendo conduzido com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Ele destacou, ainda, que a iniciativa atende a uma recomendação da Divisão de Estatística das Nações Unidas, que tem documentos preconizando a forma como deve ser feita a integração das informações geográficas e estatísticas. Uma das recomendações é o georreferenciamento no nível mais detalhado possível, incluindo a coordenada dos endereços, justamente para permitir os diversos usos estatísticos.
As coordenadas também são importantes para melhorar a qualidade da coleta, com uma visão mais ampla da cobertura da operação censitária no território. Assim é possível, se necessário, tomar ações para garantir a cobertura total. A captura das coordenadas será em tempo real. Vale destacar também os cuidados com o sigilo.
“Em hipótese nenhuma, o IBGE divulga os dados individualizados de cada domicílio associado ao ponto de coordenada. A coordenada serve para gerar outras estatísticas agregadas, mas nunca para divulgar qualquer informação associada a cada uma delas – nome dos moradores, renda, quantas pessoas moram no domicílio, etc. O ganho para a sociedade é ter um melhor conhecimento do território. Vamos definir, de acordo com critérios que respeitam o sigilo estatístico, outros recortes territoriais urbanos e rurais para divulgar dados que permitem identificar, por exemplo, a população em idade escolar que está distante das escolas, mas sem individualizar o informante”, reforçou o diretor de Geociências.