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Lenha em cozinha já predomina com alta de 30% no gás

Por Dentro De Tudo:

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No Brasil, o percentual de residências usando lenha para cozinhar já supera o das que usam gás. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que o uso dessa matriz de energia começou a aumentar em 2014, mas só ultrapassou o GLP em 2018.

Em 2020, 26,1% dos brasileiros usavam lenha contra 24,4% que ainda tinham acesso ao botijão. E a diferença pode aumentar. Desde o início do ano, o preço médio para os consumidores do botijão de gás subiu quase 30%, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o equivalente a cinco vezes a inflação do período.

Mais desigualdades

O fim do auxílio emergencial pode contribuir para um cenário de mais desolação. De acordo com a pesquisa Desigualdade de Impactos Trabalhistas na Pandemia, do FGV Social, o número de pobres — que vivem com até R$ 261 por mês — pode saltar de 27,7 milhões para 34,3 milhões, aproximadamente 16,1% da população brasileira. O coordenador do estudo, Marcelo Neri, acrescenta que a inflação dos pobres, nos 12 meses terminados em julho de 2021, foi de 10,05%, três pontos percentuais acima da inflação da alta renda.

— Aumentam as desigualdades. A insegurança alimentar, que era 17% em 2013, subiu para 28% em 2020. O uso da lenha é uma situação extrema, com sequelas a longo prazo — diz.

A professora do departamento de Química da PUC Rio, Adriana Gioda, que se dedica ao tema desde 2016, explica que o uso do insumo pode provocar diversas doenças, como câncer, problemas cardíacos, asma e bronquite. A estimativa é de que as mortes atribuídas à queima de lenha ou de carvão em ambiente domiciliar representem para o país um custo anual superior a R$ 3 bilhões.

— Quem é pobre não tem fogão a lenha adequado. Coloca duas ou três pedras, uma grade em cima, ficando muito exposto à fumaça, ou até se queimando e morrendo — explica.

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