sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Minas perde 700 mil postos de trabalho

Por Dentro De Tudo:

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No primeiro trimestre de 2021, a pandemia aprofundou o quadro de desestruturação do mercado de trabalho, que já era preocupante no mesmo período do ano passado. Em Minas Gerais foi registrada a eliminação de 700 mil vagas de trabalho e a renda média apresentou queda, mesmo com o custo de vida em alta no Brasil. 

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC/IBGE), compilados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que o mercado de trabalho ainda está longe de dar sinais de recuperação.

Minas Gerais registrou uma redução de 700 mil vagas de trabalho no primeiro trimestre na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, recuando de 9,9 milhões de ocupados para 9,2 milhões. O número de desocupados subiu de 1,3 milhão para 1,5 milhão e fora da força de trabalho, de 6,5 milhões para 7,2 milhões na mesma base de comparação.

No Brasil, foi registrada uma queda de 6,6 milhões no contingente de ocupados e aumento do total de desempregados, que passou de 12,9 milhões para 14,8 milhões entre o primeiro trimestre de 2020 e os primeiros três meses do exercício passado. 

Neste ano, o número de pessoas fora da força de trabalho no Brasil atingiu 9,2 milhões de pessoas a mais do que no 1º trimestre de 2020.

Em termos percentuais, o aumento da taxa de desocupação e desalentados (pessoas que desistiram de procurar trabalho) subiu de 14,9% para 17,7%, de desocupados e desalentados responsáveis pelo domicílio (de 9,6% para 12%) e de desocupados procurando trabalho há mais de cinco meses (28,3% para 38,2%). 

Ainda na comparação entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021, o rendimento médio real por hora caiu um pouco (R$ 13,08 para R$ 13,06).  No ano passado, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, avançou 4,52%

O coordenador do Dieese-MG, Fernando Duarte observa que nos meses anteriores à pandemia, a economia já sinalizava que o mercado não estava criando vagas de trabalho, com altas taxas de desocupados procurando trabalho há mais de cinco meses e desalentados. Ele avalia que o auxílio emergencial foi uma medida importante no segundo semestre de 2020 e a partir de abril deste ano, mas como não houve contrapartida para promover o isolamento social, a pandemia continuará fora de controle e certamente irá prolongar a crise no mercado de trabalho.  

Ele prevê que a única forma de reverter estes números é obter, após a crise sanitária, taxas sucessivas e elevadas de crescimento para “não somente recuperar as vagas perdidas, principalmente na pandemia, mas para um futuro”. “Na verdade, o governo adotou uma agenda liberal que desconsidera a atuação do Estado em setores de estímulo, como políticas de emprego e de desenvolvimento industrial. Sem isso não se recupera o mercado de trabalho. Após uma crise, o governo precisa ser o primeiro a liderar a recuperação, o que não parece ser a tônica atual. Veja a crise de 2008/2009: a recuperação se deu com uma ação efetiva do Estado, que lançou o projeto ‘Minha casa, minha vida’, grandes obras de infraestrutura, desoneração do setor de linha branca e incentivo a indústria automobilística, um conjunto de medidas que permitiu ao Brasil sair mais rápido da crise do que o resto do mundo”, lembrou Duarte.

Brasil –  A taxa que combina desocupados e desalentados passou de 16,0%, no primeiro trimestre de 2020, para 19,5%, no mesmo período de 2021. O dado mais preocupante é que, entre os chefes de família, essa mesma taxa combinada de desocupação com desalento correspondeu a 11,2%, em 2020, e a 13,4%, em 2021, o que indica maior número de famílias em situação de vulnerabilidade. Ainda, entre os desempregados, a proporção daqueles que procuraram trabalho há mais de 5 meses aumentou de 49,6% para 61,3%.

Os rendimentos médios do trabalho, calculados por hora, ­ficaram estáveis – R$ 15,13 no 1º trimestre de 2020 e R$ 15,41, no mesmo período de 2021, porém o dado não permite comemoração, uma vez que os que ganhavam menos foram os que mais sofreram com a pandemia, perdendo emprego e renda. Assim, os que tinham maiores rendimentos permaneceram em casa, trabalhando, o que manteve a média no mesmo patamar de 2020.

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