A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação para fiscalizar mais de 70 empresas que trabalham com produtos químicos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com o objetivo de evitar desvios dessas substâncias para uso na produção e no refino de drogas.
Esse tipo de fiscalização já é realizado de forma rotineira pela PF, mas a ideia é da operação é atingir um grande número de companhias de forma simultânea. As diligências começaram nesta terça-feira (23) e devem terminar no fim da semana.
Segundo o delegado Marcílio Manfré Afonso, chefe da Delegacia de Controle de Produtos Químicos, os alvos da fiscalização incluem empresas “pré-selecionadas” por meio de trabalhos de inteligência da PF, suspeitas de desvios, mas não se restringem a elas.
“A Polícia Federal entende que mesmo nas empresas que não são pré-selecionadas por informações de inteligência pode haver desvios. A verdade é que o objetivo é fiscalizar 100% das empresas”, afirmou.
Viaturas da Polícia Federal em operação de combate a desvio de produtos químicos
Para trabalhar com determinados produtos químicos, usados na produção e purificação de drogas em laboratório, as empresas precisam de licença da Polícia Federal.
Desvios para os ‘laboratórios do tráfico’
De acordo com o delegado, o desvio dessas substâncias para o tráfico pode ocorrer de diferentes formas – por exemplo, quando uma companhia licenciada para operar produtos específicos passa a importar e vender outros, não autorizados.
“Outra forma é ela ser autorizada a vender o produto e declarar falsamente que está vendendo uma quantidade X para outra empresa. Muitas vezes, essa empresa não fica nem sabendo, e esse produto, na verdade, está indo para um terceiro de forma ilegal”, explicou.
Nas primeiras horas de operação, pelo menos 10 empresas foram autuadas e multadas, a maioria por operação não autorizada de produtos químicos. Os casos ainda serão analisados pela PF.
“Os laboratórios do tráfico precisam desse produto. O maior resultado que a gente pode obter não é quantificável, é o número de pessoas que passam a não ter acesso a essas drogas”, disse o delegado.
