A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira, 8 de outubro, 35 pessoas em Nilópolis, na Baixada Fluminense, suspeitas de fazer parte de uma quadrilha que aplicava o chamado “golpe da oração”. As investigações revelaram que o grupo operava uma central de teleatendimento que oferecia orações personalizadas em troca de dinheiro, utilizando um aplicativo de inteligência artificial (IA) para criar os textos religiosos.
De acordo com a delegada Isabele Conti, responsável pela Delegacia de Nilópolis e pela investigação, o esquema funcionava há pelo menos dois anos. A delegada afirmou que análises das documentações apreendidas no escritório indicam que o grupo recebeu cerca de R$ 3 milhões em apenas um ano de atendimento.
As orações eram geradas por um aplicativo de IA, a partir de informações fornecidas pelas vítimas. As atendentes perguntavam sobre os problemas enfrentados — como doenças, dificuldades financeiras ou familiares — e solicitavam ao aplicativo uma oração específica para cada situação. O texto gerado era lido para a vítima, que não tinha conhecimento da produção artificial da oração. A cobrança média pelo serviço era de R$ 50.
A polícia descobriu que o grupo atraía vítimas por meio das redes sociais. Um pastor, identificado como líder da quadrilha, fazia postagens incentivando as pessoas a entrarem em contato. Após esse contato, a central ligava para os fiéis, alegando que eles estavam sendo procurados por “milagre” ou “revelação divina”. Durante a operação, os agentes encontraram uma tabela com os preços das orações no escritório da central. Os suspeitos responderão por estelionato e associação criminosa.
A Polícia Civil solicita que as vítimas do golpe procurem a Delegacia de Nilópolis para registrar ocorrência, uma vez que o crime de estelionato exige representação formal da vítima para que a investigação avance. O advogado responsável pela central de atendimento foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou.
Fonte: g1. Crédito da foto: Reprodução TV Globo.
