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Pandemia da Covid-19 aumentou casos de ansiedade e depressão pelo mundo

Por Dentro De Tudo:

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Ano de 2020, início da pandemia de Covid-19: a emergência sanitária que forçou o mundo inteiro a entrar em isolamento social fez com que a cabeleireira autônoma Gilza Diana da Cunha, de 59 anos, cancelasse toda a agenda de atendimentos para os meses seguintes, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. A ausência de clientes complicou o orçamento da empreendedora, que enfrentou dificuldade para colocar comida na mesa para ela e o filho, de 32 anos, que sofre de esquizofrenia.

O cenário abriu brechas para o retorno das crises de ansiedade e depressão de Gilza, que, desde então, só têm sido superadas com medicamentos de uso controlado. “Só quem sofre disso vai entender”, desabafa a cabeleireira, que faz tratamento em um posto de saúde do Carlos Prates, na região Noroeste, e relata ter dificuldade para agendar consultas com psiquiatra.

O adoecimento mental, que já atinge 1 bilhão de pessoas em todo o mundo (uma a cada oito), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), teve uma escalada com a pandemia. O cenário desencadeou aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo, só no primeiro ano de pandemia, segundo a OMS.

A alta de casos foi sentida também dentro do consultório, pelo psiquiatra Bruno Carreira. “Sem dúvida, os casos mais frequentes são os de ansiedade e depressão. Principalmente os quadros de ansiedade, que subiram bastante, acredito que ainda como reflexo da pandemia, do cenário econômico, do desemprego”, avalia.

Nessa situação, o especialista destaca a maior importância para o tratamento adequado em saúde mental, que ele reforça que não é “frescura”. “As doenças mentais são estigmatizadas, principalmente por se tratar da mente, que é algo subjetivo. Pensam que é falta de força de vontade, de caráter. Não conseguem perceber a patologia naquilo que não conseguem ver”, detalha.

A tristeza ou agitação são partes da vida, mas a persistência de sintomas de ansiedade ou depressão pode exigir tratamento (leia mais na galeria acima). Para a psicóloga Carol Campos, é importante que as pessoas conversem mais sobre o que sentem, para assim perceberem que não são as únicas que podem estar com dificuldades. “Na época da pandemia, já teve esse aumento da percepção das pessoas sobre a necessidade de fazer o tratamento de saúde mental”, conclui.

É preciso cuidar do estilo de vida, do sono e alimentação

Quadros moderados a graves podem precisar de medicação, segundo o psicólogo Bruno Carreira. Mas o especialista explica que o uso de remédios não precisa ser para sempre. “Em boa parte dos casos, quando a pessoa faz o tratamento respeitando a dose e o tempo correto do medicamento, fazendo psicoterapia, prestando atenção nas mudanças de estilo de vida, a probabilidade de essa pessoa ficar livre do medicamento é enorme”, diz.

Nos quadros mais leves, Bruno Carreira explica que só a intervenção psicoterápica já é suficiente. Além disso, é essencial cuidar do estilo de vida, da alimentação e do sono, que ele considera os pilares da saúde mental. 

Diagnosticada com síndrome do pânico, ansiedade e depressão, em 2019, Poliana Baeta, de 38 anos, já chegou a tomar 18 comprimidos pela manhã para conter as crises e precisou de internação. Hoje, porém, a moradora de Contagem, na região metropolitana de BH, controla os transtornos com um único medicamento e a prática de atividades que lhe dão prazer. “Amo nadar e sou apaixonada por andar a cavalo. São atividades que me relaxam muito”, conta.

Automedicação

Psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Tatiana Mourão aponta o risco na escolha das pessoas pela automedicação ou aconselhamento com vizinhos e amigos sobre o uso de ansiolíticos e antidepressivos. Segundo ela, os remédios são fortes e perigosos quando consumidos sem orientação profissional.

Estigma

Poliana Baeta, de 38 anos, enfrentou muito julgamento e preconceito após ser diagnosticada com transtornos mentais. “As pessoas não compreendem. Gente da minha família já pediu para eu não contar que eu estava com síndrome do pânico, ansiedade e depressão. Mas por que eu iria esconder isso?”

Médicos mais preparados

Para Lauro Guirlanda, do Departamento de Psicoterapias da Associação Mineira de Psiquiatria, a formação tem avançado em saúde mental. “A graduação em medicina tem aumentado o foco em ensinar os médicos sobre as questões de saúde mental. Mesmo que eles não sejam especialistas em psiquiatria”, aponta.

Fonte: O tempo.

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