Imagina você juntar cerca de R$ 30 mil para comprar um carro, encontrar o veículo que te interessa, transferir o dinheiro para o suposto vendedor e descobrir ainda dentro do cartório que acabou de cair em um golpe.
O crime consiste em um estelionatário que encontra um anúncio na internet de venda de veículo. O suspeito faz uma cópia das características e da foto do carro. Em seguida, esse autor faz um anúncio do produto por um valor muito mais barato, que o cobrado pelo real dono do carro.
Quando aparece um possível comprador, o suspeito entra em contato com o real dono do carro e diz que vai enviar uma pessoa para ver o produto, mas que ele não deve discutir valores.
O suspeito ainda orienta o comprador a vistoriar o carro, mas também não discutir valores com a pessoa que vai mostrar o veículo. Com a negociação toda feita por esse intermediário, o produto é transferido para o comprador, que faz um depósito na conta do estelionatário, acreditando estar sendo correto com a compra.
Porém, assim que o valor é depositado na conta do desconhecido, as vítimas percebem que foram enganadas por esse intermediário.
Esse crime, que é conhecido como “golpe da venda e compra de veículos”, tem chamado bastante atenção das autoridades e por isso a Justiça, que frequentemente tem sido acionada pelas vítimas, faz um alerta.
A juíza Maria Luiza de Andrade Rangel Pires, que atua no Juizado Especial de Belo Horizonte, fala sobre a importância de divulgar esse tipo de crime.
“Tem chegado processos desse tipo aqui no juizado especial e a nossa preocupação em tornar público esse golpe é em alertar as pessoas. Isso porque para nós, em quantos jogadores, é muito sofrido ter que decidir um processo em que uma parte vai perder tudo e sendo que as duas pessoas foram vítimas de uma mesma situação.
A juíza lembra que todos os casos recebidos por ela têm o estelionatário agindo da mesma forma. “O que acontece na prática é que ele faz com que o vendedor acredite que ele é o comprador, mas que ele está comprando para uma terceira pessoa. Por isso, que ele nunca aparece pessoalmente. O suspeito tem uma uma forma de convencer as pessoas que é assim. Eles conversam com ele pelo WhatsApp, mas em momento nenhum eles têm contato com o suspeito”, explica a magistrada.
A magistrada explica que, a medida que esse golpe vai crescendo, é dever da Justiça de alertar a população. “Não faça um negócio com um intermediário que você não teve contato físico com ele. Em todos os processos desse tipo que eu analisei, vi que o real vendedor diz que não falou com as vítimas sobre valores e contas para transferência. Para o real vendedor, o estelionatário diz que é ele que vai pagar e que o dono do veículo não tem que falar sobre valores com o comprador. E para o interessado no veículo, ele diz para a pessoa só ir olhar o carro e falar se gostou ou não. A dinâmica completa é difícil de explicar”, esclarece.
Fonte: Itatiaia.