A Prefeitura de Pedro Leopoldo realizou nesta segunda-feira (10) sua primeira coletiva de imprensa, detalhando o cenário financeiro encontrado pela atual administração ao assumir a gestão municipal neste ano. Durante o encontro com jornalistas, foram apresentados números considerados alarmantes: uma dívida total de R$ 74 milhões, composta por R$ 27 milhões em restos a pagar a curto prazo e R$ 47 milhões em dívidas fundadas (médio e longo prazo). Enquanto isso, os recursos disponíveis no caixa da prefeitura somam apenas R$ 5 milhões.
A coletiva aconteceu no CEU, no bairro Hibiscos, e contou com a presença de representantes do Executivo, incluindo o secretário municipal de saúde e coordenador da transição de governo, Leonardo Barros; o secretário de Fazenda, Emanuel Menezes; a secretária de Administração, Fabiana Paulo; o secretário de Governo, Gabriel Albino; e o controlador geral do município, Nixon Richard. Além disso, estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal, Rafael Faria, vereadores e outros secretários municipais.
Cenário de dívidas e dificuldades operacionais
Segundo Leonardo Barros, a transição revelou uma estrutura administrativa desorganizada, marcada pela centralização de decisões e falta de planejamento. Um dos pontos críticos levantados foi o alto volume de contratos administrativos por excepcional interesse público, alguns em vigor desde 2019, sem concurso ou processo seletivo adequado.
Outro fator preocupante identificado pela equipe de transição foi a precariedade da manutenção da frota municipal e a suspensão de serviços essenciais devido a atrasos em pagamentos. Entre os problemas operacionais, destacou-se a interrupção da coleta de lixo em dezembro, que precisou da intervenção direta do então prefeito diplomado Emiliano.
“Encontramos um município com infraestrutura comprometida, fornecedores sem pagamento e um fluxo administrativo desorganizado. Agora, nosso trabalho é corrigir essas falhas e garantir que os serviços essenciais continuem funcionando”, destacou Barros.
Obras e contratos questionáveis
A coletiva também trouxe à tona obras inacabadas e contratos com falhas na execução. Um dos exemplos citados foi a reforma e ampliação do CEPPEL, um projeto financiado com recursos federais, cujo valor inicial de R$ 3,9 milhões já sofreu quatro aditivos, elevando o custo para mais de R$ 4,7 milhões. Apesar disso, a obra ainda não foi concluída.
Além disso, foram apontadas irregularidades em contratos firmados nos últimos meses da gestão anterior, incluindo a contratação de fornecedores sem disponibilidade financeira para pagamento e o uso de recursos do saneamento básico para custear serviços sem aprovação do Conselho Municipal.
Déficit com servidores e saúde em crise
Outro tema abordado foi a dívida com o funcionalismo municipal. Segundo a atual gestão, há promoções e progressões atrasadas desde 2015, que só começaram a ser incorporadas em 2022, mas os pagamentos retroativos seguem pendentes.
Na área da saúde, foram encontrados medicamentos vencidos ou próximos ao vencimento nos almoxarifados, além de equipamentos médicos sem uso adequado. Também foi identificada a contratação de médicos sem o devido registro de qualificação, o que comprometeu o atendimento especializado da população.
Próximos passos da gestão
Diante do cenário financeiro adverso, a Prefeitura de Pedro Leopoldo anunciou a criação de um comitê orçamentário e financeiro para reorganizar as contas públicas e garantir maior controle sobre os gastos.
“O desafio é grande, mas estamos comprometidos em reorganizar a prefeitura e garantir que Pedro Leopoldo tenha uma gestão transparente, eficiente e comprometida com o bem-estar da população”, afirmou Gabriel Albino, secretário de Governo.
Com um orçamento projetado em R$ 350 milhões para este ano, a atual administração já sinalizou que adotará medidas de austeridade fiscal para equilibrar as contas e viabilizar novos investimentos na cidade.
A Prefeitura informou que continuará promovendo encontros periódicos com a imprensa para atualizar a população sobre as medidas adotadas e os avanços na gestão municipal.
O outro lado
O Por Dentro de Tudo procurou a antiga gestão por meio da ex-prefeita Ana Paula Santos, que informou que prestará esclarecimentos em breve sobre os pontos levantados na coletiva de imprensa.
